O Fenómeno das Abduções - Parte 1
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O Fenómeno das Abduções - Parte 1
1. Início do Fenómeno
O ano de 1961[1] viria a provocar uma mudança radical na compreensão e formulação do fenómeno OVNI. 1947 marca o início da chamada “Era Moderna” da Ovnilogia. Foi com a observação de Kenneth Arnold a 24 de Junho, que o mundo ocidental foi alertado para a presença de estranhos aparelhos que sobrevoavam os céus, aparentemente impunes. Nessa altura o fenómeno apresentava principalmente três vertentes sobre as quais os investigadores se debruçavam, a saber:
Os avistamentos; observações de aparelhos de forma circular, de aparência metálica que reflectiam a luz solar e realizavam manobras impossíveis para a tecnologia da época.
As aterragens; com o número de avistamentos aumentando gradativamente, começam sobretudo após a grande vaga de 1954 em França relatos desses objectos pousados no solo. Muitos deles deixando os denominados “ninhos do disco” com certas características físicas particulares. Começam também a aparecer mas ainda muito timidamente, os primeiros encontros com humanóides.
Os contactos; afirmações de certos indivíduos que relatavam como tinham sido escolhidos pelos “nossos irmãos cósmicos” para serem os embaixadores na Terra da boa vontade alienígena. Frequentemente apoiados em fotografias, a maioria de veracidade duvidosa, criavam verdadeiras legiões de crentes, misturando frequentemente o mito messiânico com a presença extraterrestre. Destacam-se, George Adamski, Daniel Fry, Howard Menger, Billy Meier, entre outros.
Este estado de coisas que se manteve durante catorze anos, seria totalmente modificado quando na noite de 19 para 20 de Setembro de 1961, o casal Hill viveria uma experiência que não se encontrava padronizada em qualquer observação OVNI. Segundo regressões hipnóticas conduzidas pelo Dr. Benjamin Simon dois anos após a experiência, apurou-se que Barney e Betty Hill tinham sido levados contra a sua vontade para bordo duma nave extraterrestre, onde foram sujeitos a observações e exames de carácter médico. A Betty foi introduzida uma agulha na barriga, ao que denominaram “teste de gravidez” e a Barney foi-lhe retirado esperma. Foi com a publicação desta história no livro de 1966 “The Interrupted Journey” de John G. Fuller, que mais e mais casos vieram a público, deparando-se a comunidade de investigadores com uma nova vertente, o fenómeno das abduções.
Todavia a recepção desta nova vertente não foi pacífica. De facto, J. Allen Hynek um dos maiores investigadores de OVNIs de todos os tempos, olhava com extrema desconfiança para as abduções, considerando que a solução para o fenómeno OVNI se encontrava antes na análise dos avistamentos. Considerava as abduções como histórias inventadas destinadas a dar fama e dinheiro a quem as divulgava.
Donald Keyhoe numa posição semelhante, considerava que a investigação das abduções iria alienar os investigadores, desacreditando o fenómeno OVNI.
Por seu turno, David Jacobs não conseguindo inserir as abduções nas vertentes clássicas do fenómeno OVNI começou numa primeira fase por as desconsiderar. Contudo à medida que os casos se multiplicavam e as investigações revelavam um conjunto de evidências ainda mais fortes, optou por estudar o fenómeno, tornando-se hoje em dia um dos nomes incontornáveis na investigação.
2. Definição do Fenómeno:
Antes de qualquer estudo aprofundado sobre a matéria há que proceder a uma tentativa de delimitação do fenómeno, essencial, se quisermos ter um ponto de partida para a sua investigação. O grupo americano CUFOS (Center for UFO Studies) dá-nos a seguinte definição:
“Sujeito que é levado contra a sua vontade, do seu ambiente terrestre por seres não humanos. Os seres têm de levar o sujeito para um espaço fechado, de aparência não terrestre, que o indivíduo assume ou sabe ser uma nave espacial. Neste local, o sujeito tem de ser submetido a uma examinação e/ou a uma comunicação (verbal ou telepática) com as entidades. Estas experiências podem ser lembradas conscientemente ou por intermédio de métodos de concentração focada (por exemplo hipnose). - (o sublinhado é meu)
Deste modo, segundo a CUFOS, para haver uma abdução têm de ocorrer os seguintes pressupostos:
.Intervenção de seres não terrestres
.Participação não voluntária do sujeito
.Transportação para um local não terrestre
.Examinação e/ou comunicação (verbal ou telepática) com as entidades
O investigador britânico Nick Pope avança com uma outra definição. Para ele abdução é: “Um encontro de um humano com inteligências não humanas[2]”. Defendendo uma concepção mais abrangente, na sua opinião para haver uma abdução, esta não tem de ser necessariamente contra a vontade do sujeito. Apresenta as possibilidades de o sujeito dar o seu consentimento por medo ou por mera curiosidade. Aponta ainda como falhas na definição da CUFOS o facto de esta dar como requisitos essenciais uma natureza extraterrestre aos “abdutores” e a exigência duma nave espacial. Nave, conceito que como escreve, apenas aparece no Sec. XIX nas obras de Júlio Verne e H. G. Wells, sendo que na sua opinião o fenómeno das abduções tem uma natureza muito mais antiga.[3]
Válido como é qualquer iniciativa de enquadramento do fenómeno, esta definição deve ser contudo evitada, não só porque da mesma não se divisa qual a natureza do fenómeno como se apresenta demasiado ampla, sendo deste modo uma fórmula vazia. Se por um lado não é tão restringedora e fechada como a da CUFOS, padece no entanto de concretização, pelo que nesta definição enquadrariam-se não só as experiências dos “contactados”, distintas como são das das abduções, como também as observações classificadas como superiores ao 3º grau, utilizando a escala de Hynek, o que não é desejável. De salientar contudo que mesmo um encontro realizado sobre coacção psicológica, vulgo medo, é realizado contra a vontade real do sujeito. Quanto a encontros por mera curiosidade, estas estão já definidas na escala de Hynek como “Encontros Imediatos”. Parece-me que o fenómeno das abduções tem não só uma natureza distinta, como também um outro propósito, que cabe neste trabalho tentar descortinar.
Por outro lado e discordando das observações de Nick Pope, a definição da CUFOS não apresenta como essencial a existência duma nave espacial. Afirma sim, que essa é a percepção dada ou entendida pelo sujeito passivo da experiência. E a verdade é que na grande maioria dos casos o local da abdução é descrito como sendo uma nave espacial, quer o seja verdadeiramente ou não. A definição que a CUFOS dá é antes, “espaço fechado, de aparência não terrestre”. A outra crítica, a de que dá uma natureza extraterrestre aos “abdutores” é também a meu ver incorrecta. O termo utilizado é “seres não humanos” que tanto se pode aplicar a seres extraterrestres como não.
As críticas que devem no entanto ser feitas à definição avançada pela CUFOS são nomeadamente o facto de pressupor não só uma natureza física do fenómeno, ou seja, uma deslocação factual de um local (terrestre) para um outro (não terrestre), como também o de pressupor que por detrás do fenómeno se encontra uma inteligência não humana que interage. Desconsidera totalmente, explicações alternativas, mais ortodoxas é certo, mas não necessariamente erradas, como por exemplo: o Trauma do Parto, Imagens Hipnagógicas e Hipnopompicas, ou pura e simplesmente, fraudes.
Parece-me então e tendo em conta os perigos da excessiva conceptualização e limitação, própria de qualquer definição, que nenhuma destas definições deve ser adoptada de momento. Qualquer definição tentada terá de abranger todas as características nesta exposição apresentada, depois de analisadas as demais vertentes do fenómeno. Contudo e apesar das criticas salientadas, dever-se-à ter como ponto de partida a definição da CUFOS, por ser esta a que representa a opinião maioritária dos ovnilogistas.
2.1 O Termo “Abdução”:
Distinto que é o fenómeno das abduções dos restantes encontros imediatos[4], teve a comunidade ovnilógica necessidade de encontrar um termo que descrevesse correctamente este novo cenário. Se é certo que o primeiro caso se deu no Brasil, foi nos Estados Unidos que o fenómeno ganhou maior dimensão, não só devido à publicidade que os meios de comunicação lhe deram, como também ao extensivo trabalho que os ovnilogistas americanos deram ao fenómeno. Seria Budd Hopkins com o seu livro de 1981 “Missing Time”, o pioneiro na investigação deste tipo de alegações. O primeiro livro ainda que reservado nas suas conclusões, foi no entanto ousado por pela primeira vez afirmar a veracidade do fenómeno, como também a sua ocorrência num número mais vasto do que o pensado. Ao seu trabalho outros se seguiriam, como o Prof. David M. Jacobs com o seu livro “Hidden Life” de 1992 e John Mack em 1994 com “Sequestro”.
Foram estes investigadores os primeiros a utilizar o termo de “abdução”, que como refere Luís Aparício no seu texto introdutório[5] ás abduções, afirma, dos diversos sentidos médicos e filosóficos, ter esta palavra em inglês principalmente uma conotação com a ideia de rapto, sequestro, ser-se levado a contra gosto. Na realidade os dicionários ingleses, no sentido que a palavra nos interessa, definem-na como:
“1-The act of abducing or abducting; a drawing apart; a carrying away. 2-The wrongful, and usually the forcible, carrying off of a human being; as, the abduction of a child, the abduction of an heiress.[6]”
Em Portugal, a palavra foi importada e traduzida por abdução, tendo sido acolhida pela maioria dos investigadores lusos[7],[8]. Mas será esse o termo que deverá ser aplicado?! Ao contrário do que sucede nos países de expressão inglesa, a palavra portuguesa abdução não se refere ao acto de levar alguém a contra-gosto, tendo apenas dois sentidos; um no sentido médico, como a “acção dos músculos abdutores” e outra no sentido filosófico, como um “silogismo cuja conclusão é apenas provável por falta de certeza da premissa maior[9]”. Ora claro se torna que na pureza da palavra, esta não pode ser aplicada em concreto ao fenómeno que nos cabe analisar. Restam-nos portanto, outras duas palavras, que aparecem por vezes como tradução do termo “abduction”, nomeadamente “sequestro[10]” e “rapto[11],[12]”.
De acordo com o artigo 158º do Código Penal Português, alguém comete o crime de sequestro, quando: “detiver, prender, mantiver presa ou detida outra pessoa, ou de qualquer forma a privar da liberdade”.
Define o Código no seu artigo 160º, o crime de rapto como “Quem, por meio de violência, ameaça ou astúcia, raptar outra pessoa com a intenção de: a) submeter a vitima a extorsão; b) cometer crime contra a liberdade e autodeterminação sexual da vítima, c) obter resgate ou recompensa, d) constranger a autoridade pública ou um terceiro a uma acção ou omissão, ou a suportar uma actividade.”
Posto isto, cabe averiguar se algum dos termos acima descritos comporta o cenário de abdução.
Examinando o termo “rapto”, se é certo que apresenta algumas conexões com as “abduções”, nomeadamente na aliena b[13], que refere à restrição da liberdade de uma pessoa, assim como da sua autodeterminação sexual, ou seja, de escolher o parceiro com quem deseja ter relações sexuais, não me parece no entanto, que seja o termo que deve ser aplicado. Especialmente porque neste tipo de crime, o objectivo é cometer o crime contra a liberdade e autodeterminação sexual. Não me parece que seja este o intuito principal dos perpetradores (até porque nem sempre ele ocorre), mas antes, apenas uma consequência necessária do fim último que desejam alcançar. Por último, se é certo que a maioria dos sujeitos são levados a contra gosto, não me parece que haja maioritariamente violência física. Na maioria das vezes, como iremos analisar, os sujeitos encontram-se paralisados sem capacidade de resistir, sendo transportados para o local dos exames. Se é certo que tal é qualificado como coacção física ou vis absoluta (numa terminologia jurídica), não implica violência física contra a pessoa. Por outro lado, raros são os casos onde uma ameaça directa é efectuada, assim como o recorrer a astúcia.
A palavra “sequestro” por outro lado, é suficientemente abrangente e não excessivamente ampla, para se poder incluir o fenómeno abdutivo, na medida em que ela descreve o aspecto principal; a detenção e privação da liberdade duma pessoa entenda-se, contra a sua vontade.
Infelizmente, na falta da mesma inclinar-me-ia para preferir o termo “sequestro”, em detrimento do termo “abdução”, que como já verificado não existe na língua portuguesa, pelo menos com o sentido que a ovnilogia nacional lhe pretende dar. Contudo, visto ser um termo tão amplamente divulgado e utilizado em Portugal e nos países lusófonos[14] e, ser semelhante foneticamente ao termo inglês “abduction”, ao termo francês “abducion” e ao espanhol “abducione”, parece que deverá ser o termo “abdução” o termo a ser empregue.
Assim, denominaremos o agente activo como “abdutor”[15] e o agente passivo como “abduzido”[16].
2.2 O Crime de Abdução
Já constatámos que não existe no Código Penal um artigo que preveja este tipo de conduta, todavia não significa que não seja punível, ou melhor, que não seja considerado crime à luz da lei portuguesa. Deste modo e tendo em conta a definição de abdução dada supra, e pegando como base o artigo 158º de sequestro, pode existir ainda um concurso verdadeiro, efectivo ou puro[17] com outros crimes previstos no Código Penal, nomeadamente com o artigo 143º, nº1 (crime de ofensa à integridade física simples[18]); com o artigo 144º alínea C (crime de ofensa à integridade física grave[19]) consoante as actividades desenvolvidas durante o sequestro.
3. Fenomenologia:
As abduções, qualquer que seja a sua verdadeira natureza, parecem ocorrer em qualquer parte do mundo. Inicialmente pensava-se ser um fenómeno exclusivamente do mundo ocidental, nomeadamente dos Estados Unidos e da Europa, e se é certo que são nestes locais do mundo onde são relatados e recolhidos a maioria dos casos, tal deve-se na minha opinião, não a que nestes haja um maior número de abduções, mas sim porque neles existe já uma comunidade ovnilógica consciente do fenómeno e com vontade e meios de a investigar. Por outro lado, esta é também uma cultura aberta à possibilidade de viagens espaciais e de seres extraterrenos. Provavelmente noutras culturas, como por exemplo a indiana ou a indía (nativa-americana), tais encontros seriam interpretados não como abduções, no sentido em que as descrevemos, mas antes encontros com entidades divinas ou com seres do mundo espiritual. Mas com a globalização e com a partilha de informações que se tornou mais rápida, cedo se percebeu que o fenómeno é multi-cultural, multi-racial e multi-continental. Todavia são os Estados Unidos que lideram com o maior número de casos recolhidos e investigados, seguido imediatamente da Inglaterra e do Brasil.
Curioso é notar, a existência de algumas diferenças entre as abduções realizadas nestes países. Não tanto nos procedimentos que mantêm uma similitude consistente, mas sim na descrição dos abdutores. Este facto não é exclusivo das abduções, mesmo no âmbito dos encontros imediatos, cedo se percebeu que enquanto nos países de valores ocidentais as descrições eram idênticas, começando no início dos anos 50 com os “nórdicos” personagens centrais dos casos de contactismo e depois no final da década de 1960 e com particular relevância na década de 1980, modificando-se para os denominados “cinzentos”, principais perpetradores ao que parece do fenómeno das abduções. Por seu turno, principalmente na América Latina os seres eram descritos com uma maior variedade; desde seres altos e peludos, a seres pequenos, verdes e com antenas. Os motivos destas discrepâncias ainda iludem os investigadores, originando acesos debates. Mais tarde regressaremos a esta questão, quando discutirmos a questão dos “abdutores”.
Mas basta ter presente neste momento que quer as características do fenómeno, quer os procedimentos realizados nos sujeitos passivos, não diferem sensivelmente entre si. Podemos falar, na terminologia de Nick Pope numa “estandardização” do fenómeno, que não parece ter sido provocada por contaminação cultural ou dos meios de comunicação, visto que este padrão já tinha sido observado pelos investigadores muito antes da ampla divulgação do fenómeno, já comum nos tempos que correm.
Ainda na esteira de Nick Pope e John Mack[20], se é verdade que uma abdução pode acontecer em qualquer lugar ou em qualquer altura, desenham-se principalmente dois tipos de abdução; as abduções na estrada e as abduções no quarto.
3.1. As Abduções na Estrada
Este tipo de abdução acontece frequentemente durante a noite, o sujeito passivo normalmente começa por notar uma ausência anormal de outros carros nas redondezas. Anormal não só porque a estrada é particularmente movimentada, como mesmo àquela hora é comum haver outros condutores. Observa-se aqui um total controlo por parte das entidades, do ambiente em redor do alvo. Geralmente observam através do vidro retrovisor uma luz que identificam inicialmente como sendo um outro veículo, todavia cedo reparam que a luz parece manter-se colada à traseira, encadeando o sujeito. Apesar da proximidade, o outro “veiculo” não parece querer ultrapassar, a própria luz apresenta-se anormal, apresentando tonalidades e cores diferentes dos típicos faróis, até que parece sobrevoar o veículo. É igualmente comum nesta altura o rádio começar a falhar, notando-se distorções na recepção. De seguida é a própria vez do carro começar a falhar e de lentamente começar a parar. Alguns investigadores discutem se será intencionalmente provocado, ou apenas um efeito secundário do sistema de propulsão do OVNI. Tive oportunidade de num outro trabalho abordar esta óbvia correspondência e as suas consequências práticas e não parece contudo haver uma resposta líquida[21]. Casos há onde parece haver uma perturbação não-intencional, outros em que ela só é efectuada apenas algum tempo depois, com um propósito definido, e outras onde simplesmente esta perturbação não é registada. Contudo, com base num instinto pessoal e portanto não cientifico, pendo para a possibilidade de que tal é criado deliberadamente.
É durante esta fase que o abduzido começa a sentir-se sonolento, os olhos começam a pesar, até que adormece. Na percepção do abduzido ele abre rapidamente os olhos, imaginando que quase ia adormecendo ao volante e grato por não ter havido sequelas. Contudo, confusão aparece quando normalmente o abduzido repara que está prestes a chegar a casa, não se encontrando longe como pensava e não se lembrando de como teria percorrido esse caminho. Ao olhar para o relógio, apercebe-se de que este marca algumas horas mais do que deveria. Este fenómeno é apelidado de “tempo perdido”, onde a pessoa é incapaz de explicar o que lhe aconteceu durante esse período, período que pode variar de trinta minutos a duas horas[22]. Numa abdução ocorrida na estrada, na Flórida, durante o dia, os abduzidos encontravam-se a percorrer uma estrada, num dia soalheiro, segundos depois, apercebem-se estar estacionados num local isolado, a quilómetros de distância de onde estavam e o mais importante, de noite. Num momento estavam na estrada de dia, no outro, de noite e num descampado.
Comum é algum tempo depois do “incidente”, o abduzido começar a ter pesadelos e dificuldade em dormir. Isto é consistente com o que a psiquiatria nos ensina, que alguns tipos de traumas, esquecidos/bloqueados pela mente consciente, aparecem anos mais tarde sob a forma de pesadelos. A abdução é, como verificaremos mais tarde, um trauma. Por vezes o abduzido nota estranhas cicatrizes para as quais não sabe encontrar uma causa justificativa.
3.2. As Abdução no Quarto
Encontrando-se o abduzido a dormir, este acorda normalmente sobressaltado com um peso em cima do peito, incapaz de se mexer. Normalmente os sujeitos apenas podem mexer os olhos ou a cabeça. Sentem igualmente uma presença no quarto, como se mais alguém lá estivesse, e o sentimento é confirmado quando observam os abdutores, normalmente dois ou três. É frequente todo este cenário ser completado por uma forte luz, frequentemente descrita como branca ou azulada, que invade o quarto vindo duma fonte exterior. Nos casos em que a paralisia pára é frequente o abduzido tentar acordar o cônjuge, que dorme aparentemente pacifico e alheio a tudo, mesmo ao seu lado. Em todas as experiências onde o cônjuge ou companheiro não é ele próprio um abduzido, ou sujeito daquela experiência em particular, será impossível para o abduzido o acordar. A sua postura é descrita como se tivessem sido “desligados”, ou como se encontrando numa “animação suspensa”. Qualquer tipo de resistência aos abdutores é fútil, rapidamente o sujeito é invadido por uma sensação de letargia e impotência, estado propício para que os sujeitos sintam extremo pânico e medo.
O abduzido é então transportado ou em braços, mas vulgarmente a “flutuar”, até uma janela ou parede, que parece transpor, num acto impossível de acordo com as actuais leis da física.[23] É de seguida levado por essa luz para dentro de uma nave mais pequena, geralmente pousada nas redondezas, que o transporta para uma nave maior, ou alternativamente, directamente elevado nessa luz até essa nave. É nesta altura que os abduzidos vêem a sua casa ou o chão lá em baixo a afastar-se rapidamente. Muitos têm o receio de caírem, de facto, como salienta Nick Pope[24], é comum os abduzidos sofrerem de vertigens. Estará directamente relacionado com esta parte do processo de abdução? Ainda durante a subida, são os abduzidos acompanhados pelos abdutores[25].
3.3. Generalidades
Descritas as duas situações mais usuais de abdução e as suas particularidades, torna-se neste momento essencial enumerar as características gerais das abduções. Isto é, os elementos que parecem estar tendencialmente presentes em todas as abduções, independentemente do local onde ocorram.
Assim, o primeiro indicador que de que uma abdução está prestes a ocorrer e o aparecimento de uma luz intensa, geralmente branca, branca-azulada, ou azul. Esta luz parece emanar duma fonte exterior ao local de onde se encontra o abduzido, frequentemente esta luz é identificada como emanando da nave espacial que se encontra a pairar no exterior. Esta luz é também acompanhada de estranhos zumbidos ou zunidos, ao mesmo tempo que o abduzido tem a forte sensação de uma presença de outras entidades perto de si. O sujeito vê-se incapacitado de agir com perda da mobilidade, estando à mercê das intenções dos abdutores. Todo o ambiente em redor parece estranhamente calmo e ermo; no caso das abduções na estrada a ausência de carros; no caso das abduções no quarto a impossibilidade de acordar o companheiro. A esta situação chama a investigadora britânica Jenny Rendles de “Factor de Oz”, alusão ao filme do Feiticeiro de Oz. O ambiente é totalmente controlado pelos abduzidos, sendo impossível resistir à abdução[26].
De seguida, o abduzido é levado a flutuar através da janela, das paredes, ou do tejadilho do carro, afirmando Mack[27] que os mesmos descrevem uma ligeira sensação vibratória ao passarem por estes obstáculos. Os sujeitos são então acompanhados pelos seres até à nave, onde sem se lembrarem exactamente de como lá entraram[28], se encontram num lugar abundantemente iluminado com uma “luminosidade difusa proveniente de fontes de luz indirecta nas paredes”[29].
Mack continua, afirmando que o ambiente é esterilizado e frio, mecânico e semelhante ao de um hospital.
Procedimentos
Como já referido, se as descrições dos seres, que trataremos de seguida, são díspares, os procedimentos ocorridos a bordo das naves são no entanto semelhantes. Segue-se um apanhado do que sucede durante uma abdução, especialmente os procedimentos físicos efectuados aos abduzidos. Mack distingue dois tipos: os físicos e os informacionais.
3.3.1. Físicos
O abduzido é colocado numa mesa, geralmente todo nu, ocasionalmente porém, é lhe permitido ter uma t-shirt ou outra peça leve vestida. A mesa que suporta o corpo é moldável ao corpo e será nela que a maioria dos exames físicos será realizada. É também relatado por vezes, a presença de outros seres humanos, dispostos na mesma sala, em mesas semelhantes. Abduções de extrema importância, pois parecem dar uma componente real e física, como será abordado mais à frente.
Os abduzidos são sujeitos a exames onde através da utilização de instrumentos cirúrgicos, alguns semelhantes aos terrestres, são lhes retirados amostras da pele, cabelo, ou amostras do interior do corpo. Os instrumentos penetram o nariz, os seios, os olhos, os ouvidos e outras partes da cabeça, braços pernas, entre outros. Todavia é ao sistema reprodutivo que os abdutores parecem prestar maior atenção, geralmente é retirado sémen ao homem e ás mulheres retirados óvulos. Aspecto mais sinistro das abduções, e talvez o seu objectivo principal como defende David Jacobs, é a fertilização desses mesmos óvulos com ADN extraterrestre. É abundantemente descrito o sentimento que algumas mulheres têm de terem sido engravidadas artificialmente por extraterrestres. De facto Budd Hopkins relata um caso por si investigado, onde uma jovem de 14 anos, virgem, com a membrana hímen intacta, se encontrou grávida. Tinha apenas a vaga ideia de durante uma noite um homem ter tido relações sexuais com ela, tendo descrito o incidente como mecânico e o que presumiu ser o pénis, frio e incómodo. Três meses depois o feto desapareceu da barriga. A explicação médica foi a de que se deu um aborto espontâneo tendo a rapariga perdido o feto, todavia a opinião dos ovnilogistas é que algures durante o terceiro mês de gestação, a mulher é novamente abduzida e retirado o feto, fetos que de acordo com algumas testemunhas são então colocados em recipientes e mais tarde em incubadoras.
Com o decorrer do tempo os abduzidos vêem e são forçados a interagir com o que parecem ser crianças híbridas (meio extraterrestres, meio humanas) crianças com as quais ou lhes é dito serem os seus pais, ou têm a intuição de o serem. Já no caso António Vilas-Boas após a relação sexual com o ser extraterrestre feminino, esta apontou para a barriga e depois para o céu, significando que teria um filho seu, longe, fora da Terra. Quanto à interacção, os abdutores tentam que as mães terrestres lhes peguem ao colo, as alimentem, numa tentativa de estabelecerem entre elas, empatia. É igualmente frequente eles encorajarem crianças humanas a brincar com as híbridas.
3.3.2. Informacionais
Se é certo que as interpretações não são uniformes na comunidade ovnilógica, parece certo que após as experiências de carácter médico segue-se uma sessão de transmissão de imagens que afectam profundamente o abduzido, de um futuro negro para a Terra. Nelas projectam-se imagens de terras áridas, oceanos negros, cidades destruídas, guerra, fome, sofrimento.
Alguns afirmam que estas imagens são apenas para testar e compreender reacções humanas, todavia os abduzidos sentem que estas são de alguma forma, previsões do que está para acontecer.
4. Os Abduzidos:
Uma análise correcta do fenómeno tem de necessariamente analisar os abduzidos. Ou seja, tentar encontrar um denominador comum entre as pessoas que afirmam serem abduzidas por extraterrestres. Encontrado este denominador mais próximo ficamos da resposta, pois se se concluísse por exemplo que todas sofriam de disfunção do lóbulo temporal, ou eram propensas à confabulação, mais facilmente se encontraria a origem desta “disfunção”.
Na realidade, estudos foram efectuados tentando demonstrar estas mesmas deficiências físicas ou de carácter, sem resultado. Não vou ser extenso na matéria, importa apenas referir que todos os estudos efectuados revelam que os abduzidos pertencem a todos os extractos da população, desde os mais pobres, aos mais ricos, desde aos mais instruídos aos analfabetos. Não têm propensão para a confabulação, nem a maioria padece de qualquer malefício psicológico.
Deste modo concluímos que a haver denominador comum não será psicológico ou social. Dado o carácter “multi-geracional” do fenómeno, assim como uma evidente valorização da componente genética nos procedimentos médicos efectuados, proponho que o denominador comum seja de origem genética. Esperemos que com as descobertas futuras a realizar no genoma humano se chegue a um qualquer tipo de conclusão, pois a descoberta de qual a característica genética comum a todos, lançará uma nova luz sobre os verdadeiros motivos por detrás do fenómeno.
A sondagem Roper de 1991 chegou à conclusão de que mais de um milhão de americanos demonstra indícios de poder ter sido abduzido, pelo que concluiu que o fenómeno (qualquer que seja a sua origem) é generalizado e atinge os quadrantes de toda a sociedade.
A investigadora Angela Thompson afirma que 1 pessoa em 50 relata alguns indícios de abdução.
5. Os Abdutores:
Depois de analisado o sujeito passivo do fenómeno das abduções, chegou a altura de fazer uma análise dos sujeitos activos, por outras palavras, os abdutores. Os sujeitos por detrás do fenómeno. Partiremos portanto das descrições dadas pelos abduzidos.
Neste ponto seguiremos de perto as investigações dos pesquisadores mais iminentes, nomeadamente do Prof. David Jacobs e do Prof. John Mack. Escolhi os trabalhos destes dois investigadores, pois como é sabido, é na caracterização dos abdutores que a capacidade criativa humana se entende, sendo o aspecto mais incerto do fenómeno, importa portanto buscar as conclusões dos investigadores com mais prática em separar a recordação exacta da fantasiada.
Um aspecto inicial bastante importante é de que apesar de terem já sido descritas entidades das mais variadas formas e feitios, as entidades recorrentes nos casos de abdução são sem dúvida os denominados “cinzentos”; pequenos seres magros, de cabeça grande em forma de pêra invertida, desproporcional ao corpo, de braços compridos que chegam aos joelhos, com três ou quatro dedos, de pernas delgadas. Não têm cabelos, nem orelhas, as narinas são orifícios rudimentares e como boca, uma estreita fenda que raramente se abre ou exprime emoção. Os traços mais impressionantes são principalmente os seus grandes olhos pretos, curvados para cima, mais redondos no centro e rasgados na extremidade exterior. Estes parecem não possuir esclerótica nem pupilas.
Todavia parecem haver duas espécies de cinzentos, a saber;
-Os cinzentos mais baixos ou pequenos, medem entre 90 cm e um metro, são eles que trazem os abduzidos para a nave, que lhes tiram as roupas e realizam alguns procedimentos não especializados. Raramente têm conversas longas e quando falam, normalmente é para tranquilizar os abduzidos assustados. O Prof. John Mack chama a esta variedade de cinzento, os “zangões”.
-Os cinzentos altos, “lideres”, “médicos” ou “doutores”, têm uma morfologia idêntica aos cinzentos descritos em cima, mas são ligeiramente mais altos, têm normalmente um metro e meio de altura, aparentam ser também mais velhos com uma aparência enrugada. Parece ser o ser encarregue de toda a operação, aparece frequentemente depois de os cinzentos mais pequenos já terem realizado os procedimentos médicos e realiza os mais complicados, nomeadamente a implantação de embriões e a extracção de fetos. Conduz os procedimentos de varredura mental, nos quais pode extrair memoria ou informação, pode induzir excitação sexual e orgasmo. A maioria dos abduzidos evita olhar para os seus olhos, devido ao temor opressivo do seu próprio sentido de ser, ou perda de vontade própria quando o fazem. Apesar de terem conversas mais substanciais com os abduzidos, evitam falar sobre os propósitos. Quanto à relação entre estes seres e os abduzidos, ela é ambivalente. Por um lado descobrem que só conheceram um líder durante a sua vida, sentem-se muito ligados a ele, experimentando uma forte e recíproca relação de amor. Ao mesmo tempo, ressentem-se do controlo que ele exerceu sobre as suas vidas.
Tal como já abordado, a comunicação é feita telepáticamente, mente a mente ou pensamento a pensamento, sem necessidade de uma linguagem específica comum aprendida.
Tanto David Jacobs como John Mack reportam a existência de seres femininos, o primeiro afirma que “elas” aparentam apenas fazer parte da espécie mais alta, enquanto que Mack afirma que apesar de a maioria dos “líderes” serem masculinos, foram também relatados “líderes” femininos. Elas aparentam fazer os mesmos procedimentos que os “líderes masculinos”, tal como procedimentos ginecológicos, urológicos, varreduras mentais, mas com uma particularidade; são elas que estão encarregues de tomarem conta dos descendentes híbridos. Tal como referem os dois autores, a diferença de géneros não é identificada recorrendo a caracteres secundários sexuais, tais como seios, mas sim através de um sentimento intuitivo, revelado nas suas características “mais bondosas”, “mais gentis”, “mais graciosos” ou “femininas” de uma que não sabem bem explicar.
Mack refere ainda a existência de uma espécie reptiliana, encarregue das tarefas mecânicas da nave, Jacobs por outro lado considera possível que a expressão “réptil” pode ser apenas uma questão de escolha de palavras dos abduzidos, para descrever o clássico cinzento; mas assume que tal espécie possa existir, já que algumas testemunhas associam os sentimentos de “mesquinhez” e “maldade” a estes seres, ainda que não consigam bem explicar o porquê.
Jacobs define ainda a existência de uma raça “insectoide”, supervisor dos cinzentos mais altos. Parece ser a entidade com maior autoridade em todo o processo. Normalmente fica no fundo, observando os procedimentos de abdução e dando ordens aos seres mais altos, mas por vezes efectua varreduras mentais e interage com os seres humanos. Quanto à sua descrição, são ainda mais altos que os cinzentos mais altos, aparentam vestir uma capa ou um robe longo com um colarinho alto. Quanto à sua morfologia é semelhante à de um louva-a-deus em atitude de oração ou de uma formiga gigante.
Por último, Jacobs refere a existência dos “nórdicos”, seres de aparência totalmente humana, descritos como extremamente bonitos, loiros e de olhos azuis. Numa primeira fase considerou tais descrições como o desejo dos abduzidos de transformar os feios cinzentos em príncipes encantados, todavia e à luz das suas investigações mais recentes, considera que os mesmos são já híbridos adultos, frutos da união extraterrestre com a terrestre. Afirma que se à uns anos atrás executavam tarefas menores, como de limpeza da sala de procedimentos etc, que hoje já realizam alguns procedimentos médicos e que à luz do que descreve como “actividade híbrida independente” realizam também abduções.
Todavia não concordo inteiramente com a afirmação deste ovnilogista, quando considera os nórdicos como exclusivamente híbridos adultos. Desde já por uma questão histórica. Seres loiros de olhos azuis e de beleza angelical foram descritos logo no início dos anos 50, no período do Contactismo, e mesmo como anjos noutras épocas da nossa história. Ora estas descrições antecedem cronologicamente os cinzentos e o fenómeno das abduções. Para além do mais, tal como o próprio investigador afirma, só recentemente é que os híbridos adultos subiram de escalão, efectuando actividades independentes; foram até à década dos anos 90 subservientes. Ora isto entra em contradição com os nórdicos do contactismo, na medida em que estes eram os únicos seres nas naves e operavam com total independência.
Depois, se considerarmos que os nórdicos do contactismo são os mesmos híbridos, então seres de aparência totalmente humana, com a capacidade se andarem entre nós na Terra, existem já há meio século, pelo que não faz sentido o programa híbrido continuar nos dias de hoje. Para além do mais, os bebes descritos nos anos 80 tinham aparência ainda “anormal”, mais alienígena que humana.
Uma solução seria considerar o fenómeno do contactismo como fraudulento, e desconsiderar todas as informações e casos dessa época. Contudo uma recusa liminar não só seria metodologicamente incorrecta como exageradamente generalizadora. Se olho com desconfiança o “contactismo”? Sim! Se a maioria dos contactados eram charlatães? Sim! Mas considero que alguns casos são interessantes e tendencialmente verdadeiros. E depois, seria demasiada coincidência as descrições dos extraterrestres virem a aparecer décadas mais tarde no fenómeno das abduções.
Outra via seria a de considerar os nórdicos do contactismo como uma espécie extraterrestre diferente. Alguns investigadores consideram-nos até como inimigos dos cinzentos e nossos verdadeiros amigos. Mas mais uma vez, a semelhança é incrível, na medida em que tal como não há híbridos negros, asiáticos mas apenas caucasianos de olhos azuis, os extraterrestres da época do contactismo, quando totalmente humanos, eram quase sempre descritos também como loiros e de olhos azuis[30]. As semelhanças são demasiado grandes para terem origens diferentes.
Por último, poderia se considerar os nórdicos não como híbridos, mas como simples humanos abduzidos que ajudam nas abduções, tal como relatados nas diferentes investigações, ou então humanos, como defendem ovnilogistas da vertente conspirativa, de agências governamentais que actuam intrinsecamente com as inteligências não humanas. Mas isso não explicaria novamente, o porquê de serem quase sempre loiros, de olhos azuis e também com capacidades telepáticas. Confesso que esta vertente me deixa confuso e que não consigo por enquanto descortinar uma solução clara, pelo que ficam apenas estes pequenos reparos, esperando que alguém consiga dar a resposta.
6. Evidências:
Qualquer afirmação incrível para ser tida como verdadeira, tem de ter provas incríveis. E é claramente compreensível, que a maioria das pessoas, medianamente informadas, não dê muita credibilidade a este fenómeno. Perguntam-se, como será possível que se seres extraterrestres, que raptam pessoas com tanta frequência, não se consiga provar definitivamente? Porque é que não há provas?! Não cabe todavia nesta exposição discorrer sobre a ausência de provas ou não na ovnilogia, cabe contudo salientar nesta vertente em concreto, as evidências que parecem indicar uma natureza real e física ao fenómeno. Não serão prova stricto sensu, mas servirão como indício de prova. Dividirei em três categorias: erros, corroboração independente e implantes.
6.1. Erros
Admitindo que seres extraterrestres percorreram vastas distâncias pelo espaço sideral e que actualmente abduzem seres humanos para realizarem um qualquer propósito, temos obviamente de admitir que estão tremendamente avançados em termos tecnológicos, não só porque dispõem da capacidade de viajarem pelas estrelas, voarem impunemente nos nossos céus, como também, de abduzirem pessoas num ambiente totalmente controlado. Todavia, baseado nas informações recolhidas pelos investigadores, não são seres infalíveis, cometem (tal como os humanos), erros. E são graças a esses erros, que podemos liminarmente afastar uma origem meramente psicológica ou alucinatória do fenómeno.
Estes erros incluem frequentemente, erros de pormenor; nomeadamente, colocarem o sujeito virado para o lado contrário da cama, vestirem-lhe o pijama do avesso ou com falta de alguma peça de vestuário ou joalharia. Mas são igualmente cometidos, embora com menos frequência, erros clamorosos, Budd Hopkins avança com casos onde os abduzidos são deixados a quilómetros das suas casas, ou então, duas pessoas são abduzidas, sendo devolvidas aos carros errados. Ainda que neste caso em concreto, nova abdução tenha ocorrido, tendo a situação sido devidamente corrigida.
6.2. Corroboração Independente
Questão igualmente interessante e importante são as chamadas corroborações independentes, concretamente, testemunhos de pessoas exteriores à experiência, ou seja, que não são agentes passivos, que contudo parecem indiciar que a experiência realmente ocorreu. Estas ocorrências são no entanto raras, principalmente porque como já observámos, as pessoas em redor encontram-se “desligadas”. Mas quando ocorrem são significativas, o mais usual são amigos da pessoa abduzida não a encontrarem enquanto decorre a abdução. Muitas vezes são realizados telefonemas para a polícia, organizadas buscas, sem sucesso, até que o abduzido aparece em casa, ou no local onde foi abduzido, sem saber o que lhe aconteceu, surpreso por ter provocado tanta agitação. Noutras ocasiões são relatados aos grupos dedicados à investigação OVNI, por altura das abduções, observações de estranhas luzes no céu nas redondezas.
Podendo-se alegar serem talvez menos imparciais, mas dignos de relato todavia, são por vezes os próprios investigadores que corroboram as experiências. David Jacobs relata que certa vez uma abdução iniciou-se enquanto falava ao telefone com uma abduzida, tendo ouvido pelo auscultador um pouco do processo. O investigador espanhol Josep Guijarro relata uma história muito mais interessante. Enquanto investigava um caso na ilha Gran Canária e se encontrava hospedado na casa da abduzida, Judith, relata como certa noite enquanto com ela conversava, o som da televisão começou a aumentar e diminuir sozinho, começou-se a ouvir estranhos cânticos e decidiram então irem dormir. Conta o investigador que por volta das três e meia da noite o cão começou a ladrar e começou a ouvir passos na escada. Conta como tranquilamente viu a silhueta dum ser baixo, de cabeça grande, a passar pela porta do seu quarto tendo para seu espanto, adormecido de imediato[31].
Mas talvez o caso mais interessante e importante até à data é o descrito exaustivamente no livro “Witnessed[32]” de Budd Hopkins. Este livro conta o caso de Linda Napolitano, uma mulher de ascendência italiana, moradora em Nova Iorque que foi abduzida na noite de 30 de Novembro de 1989 de sua casa. Este caso nada teria de particular se não fosse o facto de, como afirma Budd Hopkins, o caso ter sido testemunhado por inúmeras pessoas independentes, que viram uma senhora ser levitada da janela de sua casa, para bordo um OVNI, acompanhada de 3 pequenos seres, tendo sido o OVNI depois visto a mergulhar nas águas do rio Hudson. Entre as testemunhas encontram-se alegadamente o antigo Secretário-Geral das Nações Unidas, Javier Pérez de Cuellar e dois dos seus guarda-costas.
A considerar como fidedignos os casos de abduções de pessoas em grandes cidades, é realmente impressionante o grau de controlo sobre a situação. Controlo que contudo pode ser difícil de obter, o que explicaria as abduções na estrada, ou as “sugestões” feitas aos abduzidos para se isolarem, como discutiremos mais a diante[33].
6.3.Implantes
Um dos aspectos mais controversos no fenómeno das abduções são os chamados implantes, pequenos objectos que por vezes são expelidos naturalmente, pela narina dos abduzidos, acompanhado de sangue. Mas mais frequentemente o abduzido apercebe-se deles quando por questões de saúde, radiografias lhe são tiradas. É ao analisá-las que os médicos frequentemente se deparam com a presença de pequenos objectos situados em diversos locais do corpo humano; mais frequentemente no interior da caixa craniana, em locais que os médicos não sabem explicar como lá foram parar, pois não sendo de origem natural e sendo despistados como não sendo tumores ou anomalias do mesmo género, são, de acordo com a nossa presente tecnologia médica, impossíveis de lá serem colocados. Ou quando o são, confirma-se através dos registos médicos que a pessoa em questão nunca foi a esse local operada.
Se é certo que os locais mais comuns para se encontrarem os chamados implantes, são dentro da caixa craniana e nas cavidades nasais, que interessantemente são a maneira mais fácil de se chegar ao lóbulo temporal, que alberga a consciência humana, implantes são descobertos em todo o corpo humano, por exemplo, nas mãos, nas pernas, até nos dedos dos pés.
De acordo com alguns documentos de origem duvidosa, estes afirmam que na década de setenta do século passado, as autoridades norte-americanas tentaram retirar alguns destes implantes a sujeitos que mais tarde morreriam durante as operações de remoção. Whitley Strieber relata ainda o caso de Betty Dagenais a quem em 1986 os abdutores lhe disseram que morreria se tentasse retirar o objecto no lóbulo na orelha; contudo, graças ao trabalho e esforço do investigador Derrel Sims e do seu colega, o Dr. Roger Leir, a partir de 1995 que sistemáticamente realizam operações cirúrgicas com a intenção de retirar os objectos dos abduzidos.
Estas intervenções cirúrgicas são efectuadas em condições controladas. Em primeiro lugar novos raios-x são tirados ao objecto, para que se confirme que o objecto se encontra no mesmo local, é também através das novas radiografias que se determina a sua triangulação e também o método de extracção. Em segundo lugar, o procedimento é acompanhado por testemunhas, principalmente de diversas organizações de investigação, mas também por pessoas independentes. Toda a operação é filmada e os implantes são fotografados no momento da sua extracção, tudo para que não hajam duvidas que os objectos retirados dos corpos dos sujeitos sejam os mesmos que vão ser analisados nos laboratórios.
Fruto de quase uma década de investigação sobre os implantes, vamos de seguida discutir as descobertas sobre os mesmos. No entanto uma distinção importa realizar, a distinção entre implantes não-humanos e implantes humanos.
6.3.1. Implantes Não-Humanos:
6.3.1.1. Descrição:
Certo se tornou claro que não existe um padrão quanto à forma dos objectos. Os implantes retirados ao longo dos anos, de centenas de pessoas, são na sua grande maioria diferentes entre si, não obstante serem semelhantes em algumas ocasiões (implantes em forma de T). Têm geralmente uma morfologia disforme, irregular. Se a aparência não é semelhante, são semelhantes sim, as características físicas e as condições fisiológicas como são encontrados.
Quanto à sua composição, os investigadores descobriram que os implantes são compostos por duas camadas. Uma primeira, o revestimento exterior e uma segunda, o núcleo. O revestimento exterior é composto por ferro, fósforo, cálcio e com pequenas quantidades de cloro, e o aspecto mais curioso é que este revestimento revela também a presença de material orgânico do corpo da pessoa, característica esta que lhe permite não ser expelido pelo corpo nem causar irritações nem inflamações. O investigador Derrel Sims descobriu através de análises que o revestimento exterior tem características fluorescentes, que quando analisado através de luz negra manifesta uma brilhante cor verde[34]. Chegou também à conclusão de que é possível identificar a localização de possíveis implantes, mesmo sem recorrer a raios-x, passando uma luz negra sob a pele do abduzido. Esses locais irão manifestar propriedades fluorescentes. Descobriu-se que esta propriedade podia ser temporariamente eliminada através fricção na pele de uma solução de álcool isopropílico. Porém a luminescência ressurge poucos minutos depois com a mesma intensidade. Ambos os cientistas chegaram à conclusão que a luminescência desaparecia por si só num período de tempo compreendido entre 1 e 14 dias tendo sido estabelecida uma média de 1 a 4 dias.
Quanto ao núcleo, estes são compostos por ferro-carbono, provavelmente ferrite e têm características ferromagnéticas. Mas o aspecto mais curioso; os objectos parecem ser de natureza meteorítica.[35],[36]
Finalmente, quando não localizados no cérebro humano, os implantes encontram-se directamente agregados ao sistema nervoso, envoltos em fibra nervosa, o que torna a operação de remoção uma experiência extremamente dolorosa, mesmo recorrendo a anestesia local.
- Função:
Analisadas as características físicas dos implantes, importa tentar perceber qual o seu intuito. Partindo do pressuposto que estes objectos são introduzidos no corpo das pessoas, pelos abdutores, lógico é que têm de ter alguma função, é esta função que iremos debater em seguida.
Whitley Strieber resume numa frase as opiniões maioritárias dos investigadores: “É fácil concluir que os implantes devem ser aparelhos de detecção ou máquinas de controlo da mente de alguma espécie, colocados dentro de nós por alienígenas”[37].
6.3.1.2. Mecanismo de detecção
Esta foi a primeira explicação avançada pela comunidade ovnilógica, baseada principalmente em dados empíricos. Desde cedo se percebeu que o fenómeno da abdução estava completamente fora do controlo da pessoa abduzida, esta era abduzida sempre e quando que os abdutores o desejavam independentemente da sua localização. Comuns são os casos de pessoas que assustados com o que lhes acontecia, e mais frequentemente, com o não saberem o que lhes acontecia, simplesmente se mudavam de casa, tentando deste modo acabar com as experiências, para logo perceberem que independentemente para onde fossem, mesmo mudando de continente, as experiências sempre se realizavam. Era lhes impossível fugir.
Com a descoberta dos implantes avançou-se então com a explicação de que estes serviriam como mecanismos de detecção, à semelhança com o que os zoólogos fazem actualmente nos animais, instalando emissores rádio para saber onde estão a qualquer hora. Mais recentemente existem já no mercado implantes de identificação dos animais, que são normalmente utilizados em gado (em substituição do malho quente) e em animais domésticos.
Enquadra-se ainda nesta teoria, uma função acessória à de monitorização espacial da pessoa, a monitorização fisiológica da pessoa, ou seja, uma análise constante do estado de saúde do sujeito.
6.3.1.3. Mecanismo de controlo de mente
Esta segunda explicação teve e tem alguma resistência por parte de alguns investigadores, principalmente os que se enquadram na “tese positiva”, de que falaremos mais adiante. Avançam estes investigadores com a noção de que, sendo os abdutores essencialmente benignos em relação aos humanos, tentando ajudar-nos na nossa evolução e acompanhando-nos em direcção a um novo estado de consciência, então ilógico será estas mesmas entidades utilizarem implantes para controlar a mente. Qualquer outra sugestão deve-se ao pessimismo e ao medo, que alguns investigadores têm ao lidar com este fenómeno. Eles servem sim, afirmam, apenas para a localização espacial da pessoa, facilitando as abduções.
Contudo, esta explicação demonstra ser demasiado simplista, negando a existência de certos factores que parecem dotar os implantes com uma outra função.
Este controlo da mente dá-se, em meu entender, em duas vertentes:
6.3.1.3.1. Mera monitorização; neste caso o controlo da mente não se dá na sua acepção mais comum, ou seja, no controlo efectivo das acções e dos comportamentos, mas antes num controlo efectivo na recepção de toda informação que o abduzido recebe, assim como na recepção de pensamentos próprios em relação ao fenómeno. O Prof. David Jacobs, sustenta esta opinião referindo que baseado nas suas pesquisas, eles conseguem prever quando uma abduzida pensa fazer algo em relação ao feto e de consequentemente o retirarem antes que tal seja possível. Jacobs relembra o caso da radiografia possível porque foi feita inesperadamente, no espaço de uma hora[38].
6.3.1.3.2. Controlo efectivo; alguns investigadores crêem que os implantes servem para compensar a distância do processo da “varredura mental”, que num processo de abdução, consiste em o abdutor, em regra o “doutor”, olhar fixamente nos olhos do abduzido e incutir todo o tipo de sentimentos: raiva, medo, mas mais frequentemente, amor, calma, para tornar o “sujeito” mais cooperante. Budd Hopkins aponta para a capacidade que têm de desligar e ligar o processo de recordações, afirma que há casos de diversas regressões exaustivas em que determinado processo não é revelado, apenas para o ser, quando os extraterrestres deixam lembrar conscientemente. Esta afirmação vai de encontra a algumas opiniões que afirmam que tudo o que é possível recolher da memória dos abduzidos, é informação por eles controlada e que simplesmente não é possível obter informação pura. Concluem; não descobrimos nada que eles não queiram.
Comum é também os abduzidos ouvirem vozes que lhes dão ordens ou impressões, no sentido de se deslocarem a um qualquer lugar isolado (que facilita a abdução) ou para realizarem uma actividade qualquer. É comum ocorrer o fenómeno de “modulação”, na terminologia de Whitley Strieber, que consiste numa série de sons “que vão desde coisas como o áspero som da transmissão digital até séries de bips ouvidos no interior da cabeça ou perto do ouvido”[39]. Este tipo de ocorrências encontra-se plasmado nas mais diversas obras, alguns exemplos, o caso de Katie[40], ou o caso de Carla, investigado pelo ovnilogista português Luís Aparício.[41]
Cabe tomar posição neste debate. É meu entender e após analisar dezenas de casos sobre abduções, que chego à conclusão de que existem diversos tipos de implantes, talvez tantos quanto a sua localização no corpo humano. Tendo a considerar que os implantes encontrados nas pernas, mãos, dedos dos abduzidos tendem a ser os mecanismos de detecção, encarregues por identificar a localização da pessoa 24 horas por dia, assim como a sua condição física. Por outro lado, tendo a considerar que os implantes que se encontram inseridos no cérebro, ou nas cavidades nasais, têm por finalidade o controlo efectivo da vontade humana, em especial nas duas vertentes acima analisadas. Esta distinção entre implantes foi também feita em 1978, no famoso caso Júlio F. ocorrido na província de Soria, em Espanha. Sob hipnose Júlio F. afirmou terem-lhe colocado um implante na narina e outro nos órgãos genitais; “creio que um de eles (os implantes) serve para ver exactamente como estás e onde estás. O outro é de alguma maneira, para emitir ordens, para te manejar, para te manipular”.[42]
O ano de 1961[1] viria a provocar uma mudança radical na compreensão e formulação do fenómeno OVNI. 1947 marca o início da chamada “Era Moderna” da Ovnilogia. Foi com a observação de Kenneth Arnold a 24 de Junho, que o mundo ocidental foi alertado para a presença de estranhos aparelhos que sobrevoavam os céus, aparentemente impunes. Nessa altura o fenómeno apresentava principalmente três vertentes sobre as quais os investigadores se debruçavam, a saber:
Os avistamentos; observações de aparelhos de forma circular, de aparência metálica que reflectiam a luz solar e realizavam manobras impossíveis para a tecnologia da época.
As aterragens; com o número de avistamentos aumentando gradativamente, começam sobretudo após a grande vaga de 1954 em França relatos desses objectos pousados no solo. Muitos deles deixando os denominados “ninhos do disco” com certas características físicas particulares. Começam também a aparecer mas ainda muito timidamente, os primeiros encontros com humanóides.
Os contactos; afirmações de certos indivíduos que relatavam como tinham sido escolhidos pelos “nossos irmãos cósmicos” para serem os embaixadores na Terra da boa vontade alienígena. Frequentemente apoiados em fotografias, a maioria de veracidade duvidosa, criavam verdadeiras legiões de crentes, misturando frequentemente o mito messiânico com a presença extraterrestre. Destacam-se, George Adamski, Daniel Fry, Howard Menger, Billy Meier, entre outros.
Este estado de coisas que se manteve durante catorze anos, seria totalmente modificado quando na noite de 19 para 20 de Setembro de 1961, o casal Hill viveria uma experiência que não se encontrava padronizada em qualquer observação OVNI. Segundo regressões hipnóticas conduzidas pelo Dr. Benjamin Simon dois anos após a experiência, apurou-se que Barney e Betty Hill tinham sido levados contra a sua vontade para bordo duma nave extraterrestre, onde foram sujeitos a observações e exames de carácter médico. A Betty foi introduzida uma agulha na barriga, ao que denominaram “teste de gravidez” e a Barney foi-lhe retirado esperma. Foi com a publicação desta história no livro de 1966 “The Interrupted Journey” de John G. Fuller, que mais e mais casos vieram a público, deparando-se a comunidade de investigadores com uma nova vertente, o fenómeno das abduções.
Todavia a recepção desta nova vertente não foi pacífica. De facto, J. Allen Hynek um dos maiores investigadores de OVNIs de todos os tempos, olhava com extrema desconfiança para as abduções, considerando que a solução para o fenómeno OVNI se encontrava antes na análise dos avistamentos. Considerava as abduções como histórias inventadas destinadas a dar fama e dinheiro a quem as divulgava.
Donald Keyhoe numa posição semelhante, considerava que a investigação das abduções iria alienar os investigadores, desacreditando o fenómeno OVNI.
Por seu turno, David Jacobs não conseguindo inserir as abduções nas vertentes clássicas do fenómeno OVNI começou numa primeira fase por as desconsiderar. Contudo à medida que os casos se multiplicavam e as investigações revelavam um conjunto de evidências ainda mais fortes, optou por estudar o fenómeno, tornando-se hoje em dia um dos nomes incontornáveis na investigação.
2. Definição do Fenómeno:
Antes de qualquer estudo aprofundado sobre a matéria há que proceder a uma tentativa de delimitação do fenómeno, essencial, se quisermos ter um ponto de partida para a sua investigação. O grupo americano CUFOS (Center for UFO Studies) dá-nos a seguinte definição:
“Sujeito que é levado contra a sua vontade, do seu ambiente terrestre por seres não humanos. Os seres têm de levar o sujeito para um espaço fechado, de aparência não terrestre, que o indivíduo assume ou sabe ser uma nave espacial. Neste local, o sujeito tem de ser submetido a uma examinação e/ou a uma comunicação (verbal ou telepática) com as entidades. Estas experiências podem ser lembradas conscientemente ou por intermédio de métodos de concentração focada (por exemplo hipnose). - (o sublinhado é meu)
Deste modo, segundo a CUFOS, para haver uma abdução têm de ocorrer os seguintes pressupostos:
.Intervenção de seres não terrestres
.Participação não voluntária do sujeito
.Transportação para um local não terrestre
.Examinação e/ou comunicação (verbal ou telepática) com as entidades
O investigador britânico Nick Pope avança com uma outra definição. Para ele abdução é: “Um encontro de um humano com inteligências não humanas[2]”. Defendendo uma concepção mais abrangente, na sua opinião para haver uma abdução, esta não tem de ser necessariamente contra a vontade do sujeito. Apresenta as possibilidades de o sujeito dar o seu consentimento por medo ou por mera curiosidade. Aponta ainda como falhas na definição da CUFOS o facto de esta dar como requisitos essenciais uma natureza extraterrestre aos “abdutores” e a exigência duma nave espacial. Nave, conceito que como escreve, apenas aparece no Sec. XIX nas obras de Júlio Verne e H. G. Wells, sendo que na sua opinião o fenómeno das abduções tem uma natureza muito mais antiga.[3]
Válido como é qualquer iniciativa de enquadramento do fenómeno, esta definição deve ser contudo evitada, não só porque da mesma não se divisa qual a natureza do fenómeno como se apresenta demasiado ampla, sendo deste modo uma fórmula vazia. Se por um lado não é tão restringedora e fechada como a da CUFOS, padece no entanto de concretização, pelo que nesta definição enquadrariam-se não só as experiências dos “contactados”, distintas como são das das abduções, como também as observações classificadas como superiores ao 3º grau, utilizando a escala de Hynek, o que não é desejável. De salientar contudo que mesmo um encontro realizado sobre coacção psicológica, vulgo medo, é realizado contra a vontade real do sujeito. Quanto a encontros por mera curiosidade, estas estão já definidas na escala de Hynek como “Encontros Imediatos”. Parece-me que o fenómeno das abduções tem não só uma natureza distinta, como também um outro propósito, que cabe neste trabalho tentar descortinar.
Por outro lado e discordando das observações de Nick Pope, a definição da CUFOS não apresenta como essencial a existência duma nave espacial. Afirma sim, que essa é a percepção dada ou entendida pelo sujeito passivo da experiência. E a verdade é que na grande maioria dos casos o local da abdução é descrito como sendo uma nave espacial, quer o seja verdadeiramente ou não. A definição que a CUFOS dá é antes, “espaço fechado, de aparência não terrestre”. A outra crítica, a de que dá uma natureza extraterrestre aos “abdutores” é também a meu ver incorrecta. O termo utilizado é “seres não humanos” que tanto se pode aplicar a seres extraterrestres como não.
As críticas que devem no entanto ser feitas à definição avançada pela CUFOS são nomeadamente o facto de pressupor não só uma natureza física do fenómeno, ou seja, uma deslocação factual de um local (terrestre) para um outro (não terrestre), como também o de pressupor que por detrás do fenómeno se encontra uma inteligência não humana que interage. Desconsidera totalmente, explicações alternativas, mais ortodoxas é certo, mas não necessariamente erradas, como por exemplo: o Trauma do Parto, Imagens Hipnagógicas e Hipnopompicas, ou pura e simplesmente, fraudes.
Parece-me então e tendo em conta os perigos da excessiva conceptualização e limitação, própria de qualquer definição, que nenhuma destas definições deve ser adoptada de momento. Qualquer definição tentada terá de abranger todas as características nesta exposição apresentada, depois de analisadas as demais vertentes do fenómeno. Contudo e apesar das criticas salientadas, dever-se-à ter como ponto de partida a definição da CUFOS, por ser esta a que representa a opinião maioritária dos ovnilogistas.
2.1 O Termo “Abdução”:
Distinto que é o fenómeno das abduções dos restantes encontros imediatos[4], teve a comunidade ovnilógica necessidade de encontrar um termo que descrevesse correctamente este novo cenário. Se é certo que o primeiro caso se deu no Brasil, foi nos Estados Unidos que o fenómeno ganhou maior dimensão, não só devido à publicidade que os meios de comunicação lhe deram, como também ao extensivo trabalho que os ovnilogistas americanos deram ao fenómeno. Seria Budd Hopkins com o seu livro de 1981 “Missing Time”, o pioneiro na investigação deste tipo de alegações. O primeiro livro ainda que reservado nas suas conclusões, foi no entanto ousado por pela primeira vez afirmar a veracidade do fenómeno, como também a sua ocorrência num número mais vasto do que o pensado. Ao seu trabalho outros se seguiriam, como o Prof. David M. Jacobs com o seu livro “Hidden Life” de 1992 e John Mack em 1994 com “Sequestro”.
Foram estes investigadores os primeiros a utilizar o termo de “abdução”, que como refere Luís Aparício no seu texto introdutório[5] ás abduções, afirma, dos diversos sentidos médicos e filosóficos, ter esta palavra em inglês principalmente uma conotação com a ideia de rapto, sequestro, ser-se levado a contra gosto. Na realidade os dicionários ingleses, no sentido que a palavra nos interessa, definem-na como:
“1-The act of abducing or abducting; a drawing apart; a carrying away. 2-The wrongful, and usually the forcible, carrying off of a human being; as, the abduction of a child, the abduction of an heiress.[6]”
Em Portugal, a palavra foi importada e traduzida por abdução, tendo sido acolhida pela maioria dos investigadores lusos[7],[8]. Mas será esse o termo que deverá ser aplicado?! Ao contrário do que sucede nos países de expressão inglesa, a palavra portuguesa abdução não se refere ao acto de levar alguém a contra-gosto, tendo apenas dois sentidos; um no sentido médico, como a “acção dos músculos abdutores” e outra no sentido filosófico, como um “silogismo cuja conclusão é apenas provável por falta de certeza da premissa maior[9]”. Ora claro se torna que na pureza da palavra, esta não pode ser aplicada em concreto ao fenómeno que nos cabe analisar. Restam-nos portanto, outras duas palavras, que aparecem por vezes como tradução do termo “abduction”, nomeadamente “sequestro[10]” e “rapto[11],[12]”.
De acordo com o artigo 158º do Código Penal Português, alguém comete o crime de sequestro, quando: “detiver, prender, mantiver presa ou detida outra pessoa, ou de qualquer forma a privar da liberdade”.
Define o Código no seu artigo 160º, o crime de rapto como “Quem, por meio de violência, ameaça ou astúcia, raptar outra pessoa com a intenção de: a) submeter a vitima a extorsão; b) cometer crime contra a liberdade e autodeterminação sexual da vítima, c) obter resgate ou recompensa, d) constranger a autoridade pública ou um terceiro a uma acção ou omissão, ou a suportar uma actividade.”
Posto isto, cabe averiguar se algum dos termos acima descritos comporta o cenário de abdução.
Examinando o termo “rapto”, se é certo que apresenta algumas conexões com as “abduções”, nomeadamente na aliena b[13], que refere à restrição da liberdade de uma pessoa, assim como da sua autodeterminação sexual, ou seja, de escolher o parceiro com quem deseja ter relações sexuais, não me parece no entanto, que seja o termo que deve ser aplicado. Especialmente porque neste tipo de crime, o objectivo é cometer o crime contra a liberdade e autodeterminação sexual. Não me parece que seja este o intuito principal dos perpetradores (até porque nem sempre ele ocorre), mas antes, apenas uma consequência necessária do fim último que desejam alcançar. Por último, se é certo que a maioria dos sujeitos são levados a contra gosto, não me parece que haja maioritariamente violência física. Na maioria das vezes, como iremos analisar, os sujeitos encontram-se paralisados sem capacidade de resistir, sendo transportados para o local dos exames. Se é certo que tal é qualificado como coacção física ou vis absoluta (numa terminologia jurídica), não implica violência física contra a pessoa. Por outro lado, raros são os casos onde uma ameaça directa é efectuada, assim como o recorrer a astúcia.
A palavra “sequestro” por outro lado, é suficientemente abrangente e não excessivamente ampla, para se poder incluir o fenómeno abdutivo, na medida em que ela descreve o aspecto principal; a detenção e privação da liberdade duma pessoa entenda-se, contra a sua vontade.
Infelizmente, na falta da mesma inclinar-me-ia para preferir o termo “sequestro”, em detrimento do termo “abdução”, que como já verificado não existe na língua portuguesa, pelo menos com o sentido que a ovnilogia nacional lhe pretende dar. Contudo, visto ser um termo tão amplamente divulgado e utilizado em Portugal e nos países lusófonos[14] e, ser semelhante foneticamente ao termo inglês “abduction”, ao termo francês “abducion” e ao espanhol “abducione”, parece que deverá ser o termo “abdução” o termo a ser empregue.
Assim, denominaremos o agente activo como “abdutor”[15] e o agente passivo como “abduzido”[16].
2.2 O Crime de Abdução
Já constatámos que não existe no Código Penal um artigo que preveja este tipo de conduta, todavia não significa que não seja punível, ou melhor, que não seja considerado crime à luz da lei portuguesa. Deste modo e tendo em conta a definição de abdução dada supra, e pegando como base o artigo 158º de sequestro, pode existir ainda um concurso verdadeiro, efectivo ou puro[17] com outros crimes previstos no Código Penal, nomeadamente com o artigo 143º, nº1 (crime de ofensa à integridade física simples[18]); com o artigo 144º alínea C (crime de ofensa à integridade física grave[19]) consoante as actividades desenvolvidas durante o sequestro.
3. Fenomenologia:
As abduções, qualquer que seja a sua verdadeira natureza, parecem ocorrer em qualquer parte do mundo. Inicialmente pensava-se ser um fenómeno exclusivamente do mundo ocidental, nomeadamente dos Estados Unidos e da Europa, e se é certo que são nestes locais do mundo onde são relatados e recolhidos a maioria dos casos, tal deve-se na minha opinião, não a que nestes haja um maior número de abduções, mas sim porque neles existe já uma comunidade ovnilógica consciente do fenómeno e com vontade e meios de a investigar. Por outro lado, esta é também uma cultura aberta à possibilidade de viagens espaciais e de seres extraterrenos. Provavelmente noutras culturas, como por exemplo a indiana ou a indía (nativa-americana), tais encontros seriam interpretados não como abduções, no sentido em que as descrevemos, mas antes encontros com entidades divinas ou com seres do mundo espiritual. Mas com a globalização e com a partilha de informações que se tornou mais rápida, cedo se percebeu que o fenómeno é multi-cultural, multi-racial e multi-continental. Todavia são os Estados Unidos que lideram com o maior número de casos recolhidos e investigados, seguido imediatamente da Inglaterra e do Brasil.
Curioso é notar, a existência de algumas diferenças entre as abduções realizadas nestes países. Não tanto nos procedimentos que mantêm uma similitude consistente, mas sim na descrição dos abdutores. Este facto não é exclusivo das abduções, mesmo no âmbito dos encontros imediatos, cedo se percebeu que enquanto nos países de valores ocidentais as descrições eram idênticas, começando no início dos anos 50 com os “nórdicos” personagens centrais dos casos de contactismo e depois no final da década de 1960 e com particular relevância na década de 1980, modificando-se para os denominados “cinzentos”, principais perpetradores ao que parece do fenómeno das abduções. Por seu turno, principalmente na América Latina os seres eram descritos com uma maior variedade; desde seres altos e peludos, a seres pequenos, verdes e com antenas. Os motivos destas discrepâncias ainda iludem os investigadores, originando acesos debates. Mais tarde regressaremos a esta questão, quando discutirmos a questão dos “abdutores”.
Mas basta ter presente neste momento que quer as características do fenómeno, quer os procedimentos realizados nos sujeitos passivos, não diferem sensivelmente entre si. Podemos falar, na terminologia de Nick Pope numa “estandardização” do fenómeno, que não parece ter sido provocada por contaminação cultural ou dos meios de comunicação, visto que este padrão já tinha sido observado pelos investigadores muito antes da ampla divulgação do fenómeno, já comum nos tempos que correm.
Ainda na esteira de Nick Pope e John Mack[20], se é verdade que uma abdução pode acontecer em qualquer lugar ou em qualquer altura, desenham-se principalmente dois tipos de abdução; as abduções na estrada e as abduções no quarto.
3.1. As Abduções na Estrada
Este tipo de abdução acontece frequentemente durante a noite, o sujeito passivo normalmente começa por notar uma ausência anormal de outros carros nas redondezas. Anormal não só porque a estrada é particularmente movimentada, como mesmo àquela hora é comum haver outros condutores. Observa-se aqui um total controlo por parte das entidades, do ambiente em redor do alvo. Geralmente observam através do vidro retrovisor uma luz que identificam inicialmente como sendo um outro veículo, todavia cedo reparam que a luz parece manter-se colada à traseira, encadeando o sujeito. Apesar da proximidade, o outro “veiculo” não parece querer ultrapassar, a própria luz apresenta-se anormal, apresentando tonalidades e cores diferentes dos típicos faróis, até que parece sobrevoar o veículo. É igualmente comum nesta altura o rádio começar a falhar, notando-se distorções na recepção. De seguida é a própria vez do carro começar a falhar e de lentamente começar a parar. Alguns investigadores discutem se será intencionalmente provocado, ou apenas um efeito secundário do sistema de propulsão do OVNI. Tive oportunidade de num outro trabalho abordar esta óbvia correspondência e as suas consequências práticas e não parece contudo haver uma resposta líquida[21]. Casos há onde parece haver uma perturbação não-intencional, outros em que ela só é efectuada apenas algum tempo depois, com um propósito definido, e outras onde simplesmente esta perturbação não é registada. Contudo, com base num instinto pessoal e portanto não cientifico, pendo para a possibilidade de que tal é criado deliberadamente.
É durante esta fase que o abduzido começa a sentir-se sonolento, os olhos começam a pesar, até que adormece. Na percepção do abduzido ele abre rapidamente os olhos, imaginando que quase ia adormecendo ao volante e grato por não ter havido sequelas. Contudo, confusão aparece quando normalmente o abduzido repara que está prestes a chegar a casa, não se encontrando longe como pensava e não se lembrando de como teria percorrido esse caminho. Ao olhar para o relógio, apercebe-se de que este marca algumas horas mais do que deveria. Este fenómeno é apelidado de “tempo perdido”, onde a pessoa é incapaz de explicar o que lhe aconteceu durante esse período, período que pode variar de trinta minutos a duas horas[22]. Numa abdução ocorrida na estrada, na Flórida, durante o dia, os abduzidos encontravam-se a percorrer uma estrada, num dia soalheiro, segundos depois, apercebem-se estar estacionados num local isolado, a quilómetros de distância de onde estavam e o mais importante, de noite. Num momento estavam na estrada de dia, no outro, de noite e num descampado.
Comum é algum tempo depois do “incidente”, o abduzido começar a ter pesadelos e dificuldade em dormir. Isto é consistente com o que a psiquiatria nos ensina, que alguns tipos de traumas, esquecidos/bloqueados pela mente consciente, aparecem anos mais tarde sob a forma de pesadelos. A abdução é, como verificaremos mais tarde, um trauma. Por vezes o abduzido nota estranhas cicatrizes para as quais não sabe encontrar uma causa justificativa.
3.2. As Abdução no Quarto
Encontrando-se o abduzido a dormir, este acorda normalmente sobressaltado com um peso em cima do peito, incapaz de se mexer. Normalmente os sujeitos apenas podem mexer os olhos ou a cabeça. Sentem igualmente uma presença no quarto, como se mais alguém lá estivesse, e o sentimento é confirmado quando observam os abdutores, normalmente dois ou três. É frequente todo este cenário ser completado por uma forte luz, frequentemente descrita como branca ou azulada, que invade o quarto vindo duma fonte exterior. Nos casos em que a paralisia pára é frequente o abduzido tentar acordar o cônjuge, que dorme aparentemente pacifico e alheio a tudo, mesmo ao seu lado. Em todas as experiências onde o cônjuge ou companheiro não é ele próprio um abduzido, ou sujeito daquela experiência em particular, será impossível para o abduzido o acordar. A sua postura é descrita como se tivessem sido “desligados”, ou como se encontrando numa “animação suspensa”. Qualquer tipo de resistência aos abdutores é fútil, rapidamente o sujeito é invadido por uma sensação de letargia e impotência, estado propício para que os sujeitos sintam extremo pânico e medo.
O abduzido é então transportado ou em braços, mas vulgarmente a “flutuar”, até uma janela ou parede, que parece transpor, num acto impossível de acordo com as actuais leis da física.[23] É de seguida levado por essa luz para dentro de uma nave mais pequena, geralmente pousada nas redondezas, que o transporta para uma nave maior, ou alternativamente, directamente elevado nessa luz até essa nave. É nesta altura que os abduzidos vêem a sua casa ou o chão lá em baixo a afastar-se rapidamente. Muitos têm o receio de caírem, de facto, como salienta Nick Pope[24], é comum os abduzidos sofrerem de vertigens. Estará directamente relacionado com esta parte do processo de abdução? Ainda durante a subida, são os abduzidos acompanhados pelos abdutores[25].
3.3. Generalidades
Descritas as duas situações mais usuais de abdução e as suas particularidades, torna-se neste momento essencial enumerar as características gerais das abduções. Isto é, os elementos que parecem estar tendencialmente presentes em todas as abduções, independentemente do local onde ocorram.
Assim, o primeiro indicador que de que uma abdução está prestes a ocorrer e o aparecimento de uma luz intensa, geralmente branca, branca-azulada, ou azul. Esta luz parece emanar duma fonte exterior ao local de onde se encontra o abduzido, frequentemente esta luz é identificada como emanando da nave espacial que se encontra a pairar no exterior. Esta luz é também acompanhada de estranhos zumbidos ou zunidos, ao mesmo tempo que o abduzido tem a forte sensação de uma presença de outras entidades perto de si. O sujeito vê-se incapacitado de agir com perda da mobilidade, estando à mercê das intenções dos abdutores. Todo o ambiente em redor parece estranhamente calmo e ermo; no caso das abduções na estrada a ausência de carros; no caso das abduções no quarto a impossibilidade de acordar o companheiro. A esta situação chama a investigadora britânica Jenny Rendles de “Factor de Oz”, alusão ao filme do Feiticeiro de Oz. O ambiente é totalmente controlado pelos abduzidos, sendo impossível resistir à abdução[26].
De seguida, o abduzido é levado a flutuar através da janela, das paredes, ou do tejadilho do carro, afirmando Mack[27] que os mesmos descrevem uma ligeira sensação vibratória ao passarem por estes obstáculos. Os sujeitos são então acompanhados pelos seres até à nave, onde sem se lembrarem exactamente de como lá entraram[28], se encontram num lugar abundantemente iluminado com uma “luminosidade difusa proveniente de fontes de luz indirecta nas paredes”[29].
Mack continua, afirmando que o ambiente é esterilizado e frio, mecânico e semelhante ao de um hospital.
Procedimentos
Como já referido, se as descrições dos seres, que trataremos de seguida, são díspares, os procedimentos ocorridos a bordo das naves são no entanto semelhantes. Segue-se um apanhado do que sucede durante uma abdução, especialmente os procedimentos físicos efectuados aos abduzidos. Mack distingue dois tipos: os físicos e os informacionais.
3.3.1. Físicos
O abduzido é colocado numa mesa, geralmente todo nu, ocasionalmente porém, é lhe permitido ter uma t-shirt ou outra peça leve vestida. A mesa que suporta o corpo é moldável ao corpo e será nela que a maioria dos exames físicos será realizada. É também relatado por vezes, a presença de outros seres humanos, dispostos na mesma sala, em mesas semelhantes. Abduções de extrema importância, pois parecem dar uma componente real e física, como será abordado mais à frente.
Os abduzidos são sujeitos a exames onde através da utilização de instrumentos cirúrgicos, alguns semelhantes aos terrestres, são lhes retirados amostras da pele, cabelo, ou amostras do interior do corpo. Os instrumentos penetram o nariz, os seios, os olhos, os ouvidos e outras partes da cabeça, braços pernas, entre outros. Todavia é ao sistema reprodutivo que os abdutores parecem prestar maior atenção, geralmente é retirado sémen ao homem e ás mulheres retirados óvulos. Aspecto mais sinistro das abduções, e talvez o seu objectivo principal como defende David Jacobs, é a fertilização desses mesmos óvulos com ADN extraterrestre. É abundantemente descrito o sentimento que algumas mulheres têm de terem sido engravidadas artificialmente por extraterrestres. De facto Budd Hopkins relata um caso por si investigado, onde uma jovem de 14 anos, virgem, com a membrana hímen intacta, se encontrou grávida. Tinha apenas a vaga ideia de durante uma noite um homem ter tido relações sexuais com ela, tendo descrito o incidente como mecânico e o que presumiu ser o pénis, frio e incómodo. Três meses depois o feto desapareceu da barriga. A explicação médica foi a de que se deu um aborto espontâneo tendo a rapariga perdido o feto, todavia a opinião dos ovnilogistas é que algures durante o terceiro mês de gestação, a mulher é novamente abduzida e retirado o feto, fetos que de acordo com algumas testemunhas são então colocados em recipientes e mais tarde em incubadoras.
Com o decorrer do tempo os abduzidos vêem e são forçados a interagir com o que parecem ser crianças híbridas (meio extraterrestres, meio humanas) crianças com as quais ou lhes é dito serem os seus pais, ou têm a intuição de o serem. Já no caso António Vilas-Boas após a relação sexual com o ser extraterrestre feminino, esta apontou para a barriga e depois para o céu, significando que teria um filho seu, longe, fora da Terra. Quanto à interacção, os abdutores tentam que as mães terrestres lhes peguem ao colo, as alimentem, numa tentativa de estabelecerem entre elas, empatia. É igualmente frequente eles encorajarem crianças humanas a brincar com as híbridas.
3.3.2. Informacionais
Se é certo que as interpretações não são uniformes na comunidade ovnilógica, parece certo que após as experiências de carácter médico segue-se uma sessão de transmissão de imagens que afectam profundamente o abduzido, de um futuro negro para a Terra. Nelas projectam-se imagens de terras áridas, oceanos negros, cidades destruídas, guerra, fome, sofrimento.
Alguns afirmam que estas imagens são apenas para testar e compreender reacções humanas, todavia os abduzidos sentem que estas são de alguma forma, previsões do que está para acontecer.
4. Os Abduzidos:
Uma análise correcta do fenómeno tem de necessariamente analisar os abduzidos. Ou seja, tentar encontrar um denominador comum entre as pessoas que afirmam serem abduzidas por extraterrestres. Encontrado este denominador mais próximo ficamos da resposta, pois se se concluísse por exemplo que todas sofriam de disfunção do lóbulo temporal, ou eram propensas à confabulação, mais facilmente se encontraria a origem desta “disfunção”.
Na realidade, estudos foram efectuados tentando demonstrar estas mesmas deficiências físicas ou de carácter, sem resultado. Não vou ser extenso na matéria, importa apenas referir que todos os estudos efectuados revelam que os abduzidos pertencem a todos os extractos da população, desde os mais pobres, aos mais ricos, desde aos mais instruídos aos analfabetos. Não têm propensão para a confabulação, nem a maioria padece de qualquer malefício psicológico.
Deste modo concluímos que a haver denominador comum não será psicológico ou social. Dado o carácter “multi-geracional” do fenómeno, assim como uma evidente valorização da componente genética nos procedimentos médicos efectuados, proponho que o denominador comum seja de origem genética. Esperemos que com as descobertas futuras a realizar no genoma humano se chegue a um qualquer tipo de conclusão, pois a descoberta de qual a característica genética comum a todos, lançará uma nova luz sobre os verdadeiros motivos por detrás do fenómeno.
A sondagem Roper de 1991 chegou à conclusão de que mais de um milhão de americanos demonstra indícios de poder ter sido abduzido, pelo que concluiu que o fenómeno (qualquer que seja a sua origem) é generalizado e atinge os quadrantes de toda a sociedade.
A investigadora Angela Thompson afirma que 1 pessoa em 50 relata alguns indícios de abdução.
5. Os Abdutores:
Depois de analisado o sujeito passivo do fenómeno das abduções, chegou a altura de fazer uma análise dos sujeitos activos, por outras palavras, os abdutores. Os sujeitos por detrás do fenómeno. Partiremos portanto das descrições dadas pelos abduzidos.
Neste ponto seguiremos de perto as investigações dos pesquisadores mais iminentes, nomeadamente do Prof. David Jacobs e do Prof. John Mack. Escolhi os trabalhos destes dois investigadores, pois como é sabido, é na caracterização dos abdutores que a capacidade criativa humana se entende, sendo o aspecto mais incerto do fenómeno, importa portanto buscar as conclusões dos investigadores com mais prática em separar a recordação exacta da fantasiada.
Um aspecto inicial bastante importante é de que apesar de terem já sido descritas entidades das mais variadas formas e feitios, as entidades recorrentes nos casos de abdução são sem dúvida os denominados “cinzentos”; pequenos seres magros, de cabeça grande em forma de pêra invertida, desproporcional ao corpo, de braços compridos que chegam aos joelhos, com três ou quatro dedos, de pernas delgadas. Não têm cabelos, nem orelhas, as narinas são orifícios rudimentares e como boca, uma estreita fenda que raramente se abre ou exprime emoção. Os traços mais impressionantes são principalmente os seus grandes olhos pretos, curvados para cima, mais redondos no centro e rasgados na extremidade exterior. Estes parecem não possuir esclerótica nem pupilas.
Todavia parecem haver duas espécies de cinzentos, a saber;
-Os cinzentos mais baixos ou pequenos, medem entre 90 cm e um metro, são eles que trazem os abduzidos para a nave, que lhes tiram as roupas e realizam alguns procedimentos não especializados. Raramente têm conversas longas e quando falam, normalmente é para tranquilizar os abduzidos assustados. O Prof. John Mack chama a esta variedade de cinzento, os “zangões”.
-Os cinzentos altos, “lideres”, “médicos” ou “doutores”, têm uma morfologia idêntica aos cinzentos descritos em cima, mas são ligeiramente mais altos, têm normalmente um metro e meio de altura, aparentam ser também mais velhos com uma aparência enrugada. Parece ser o ser encarregue de toda a operação, aparece frequentemente depois de os cinzentos mais pequenos já terem realizado os procedimentos médicos e realiza os mais complicados, nomeadamente a implantação de embriões e a extracção de fetos. Conduz os procedimentos de varredura mental, nos quais pode extrair memoria ou informação, pode induzir excitação sexual e orgasmo. A maioria dos abduzidos evita olhar para os seus olhos, devido ao temor opressivo do seu próprio sentido de ser, ou perda de vontade própria quando o fazem. Apesar de terem conversas mais substanciais com os abduzidos, evitam falar sobre os propósitos. Quanto à relação entre estes seres e os abduzidos, ela é ambivalente. Por um lado descobrem que só conheceram um líder durante a sua vida, sentem-se muito ligados a ele, experimentando uma forte e recíproca relação de amor. Ao mesmo tempo, ressentem-se do controlo que ele exerceu sobre as suas vidas.
Tal como já abordado, a comunicação é feita telepáticamente, mente a mente ou pensamento a pensamento, sem necessidade de uma linguagem específica comum aprendida.
Tanto David Jacobs como John Mack reportam a existência de seres femininos, o primeiro afirma que “elas” aparentam apenas fazer parte da espécie mais alta, enquanto que Mack afirma que apesar de a maioria dos “líderes” serem masculinos, foram também relatados “líderes” femininos. Elas aparentam fazer os mesmos procedimentos que os “líderes masculinos”, tal como procedimentos ginecológicos, urológicos, varreduras mentais, mas com uma particularidade; são elas que estão encarregues de tomarem conta dos descendentes híbridos. Tal como referem os dois autores, a diferença de géneros não é identificada recorrendo a caracteres secundários sexuais, tais como seios, mas sim através de um sentimento intuitivo, revelado nas suas características “mais bondosas”, “mais gentis”, “mais graciosos” ou “femininas” de uma que não sabem bem explicar.
Mack refere ainda a existência de uma espécie reptiliana, encarregue das tarefas mecânicas da nave, Jacobs por outro lado considera possível que a expressão “réptil” pode ser apenas uma questão de escolha de palavras dos abduzidos, para descrever o clássico cinzento; mas assume que tal espécie possa existir, já que algumas testemunhas associam os sentimentos de “mesquinhez” e “maldade” a estes seres, ainda que não consigam bem explicar o porquê.
Jacobs define ainda a existência de uma raça “insectoide”, supervisor dos cinzentos mais altos. Parece ser a entidade com maior autoridade em todo o processo. Normalmente fica no fundo, observando os procedimentos de abdução e dando ordens aos seres mais altos, mas por vezes efectua varreduras mentais e interage com os seres humanos. Quanto à sua descrição, são ainda mais altos que os cinzentos mais altos, aparentam vestir uma capa ou um robe longo com um colarinho alto. Quanto à sua morfologia é semelhante à de um louva-a-deus em atitude de oração ou de uma formiga gigante.
Por último, Jacobs refere a existência dos “nórdicos”, seres de aparência totalmente humana, descritos como extremamente bonitos, loiros e de olhos azuis. Numa primeira fase considerou tais descrições como o desejo dos abduzidos de transformar os feios cinzentos em príncipes encantados, todavia e à luz das suas investigações mais recentes, considera que os mesmos são já híbridos adultos, frutos da união extraterrestre com a terrestre. Afirma que se à uns anos atrás executavam tarefas menores, como de limpeza da sala de procedimentos etc, que hoje já realizam alguns procedimentos médicos e que à luz do que descreve como “actividade híbrida independente” realizam também abduções.
Todavia não concordo inteiramente com a afirmação deste ovnilogista, quando considera os nórdicos como exclusivamente híbridos adultos. Desde já por uma questão histórica. Seres loiros de olhos azuis e de beleza angelical foram descritos logo no início dos anos 50, no período do Contactismo, e mesmo como anjos noutras épocas da nossa história. Ora estas descrições antecedem cronologicamente os cinzentos e o fenómeno das abduções. Para além do mais, tal como o próprio investigador afirma, só recentemente é que os híbridos adultos subiram de escalão, efectuando actividades independentes; foram até à década dos anos 90 subservientes. Ora isto entra em contradição com os nórdicos do contactismo, na medida em que estes eram os únicos seres nas naves e operavam com total independência.
Depois, se considerarmos que os nórdicos do contactismo são os mesmos híbridos, então seres de aparência totalmente humana, com a capacidade se andarem entre nós na Terra, existem já há meio século, pelo que não faz sentido o programa híbrido continuar nos dias de hoje. Para além do mais, os bebes descritos nos anos 80 tinham aparência ainda “anormal”, mais alienígena que humana.
Uma solução seria considerar o fenómeno do contactismo como fraudulento, e desconsiderar todas as informações e casos dessa época. Contudo uma recusa liminar não só seria metodologicamente incorrecta como exageradamente generalizadora. Se olho com desconfiança o “contactismo”? Sim! Se a maioria dos contactados eram charlatães? Sim! Mas considero que alguns casos são interessantes e tendencialmente verdadeiros. E depois, seria demasiada coincidência as descrições dos extraterrestres virem a aparecer décadas mais tarde no fenómeno das abduções.
Outra via seria a de considerar os nórdicos do contactismo como uma espécie extraterrestre diferente. Alguns investigadores consideram-nos até como inimigos dos cinzentos e nossos verdadeiros amigos. Mas mais uma vez, a semelhança é incrível, na medida em que tal como não há híbridos negros, asiáticos mas apenas caucasianos de olhos azuis, os extraterrestres da época do contactismo, quando totalmente humanos, eram quase sempre descritos também como loiros e de olhos azuis[30]. As semelhanças são demasiado grandes para terem origens diferentes.
Por último, poderia se considerar os nórdicos não como híbridos, mas como simples humanos abduzidos que ajudam nas abduções, tal como relatados nas diferentes investigações, ou então humanos, como defendem ovnilogistas da vertente conspirativa, de agências governamentais que actuam intrinsecamente com as inteligências não humanas. Mas isso não explicaria novamente, o porquê de serem quase sempre loiros, de olhos azuis e também com capacidades telepáticas. Confesso que esta vertente me deixa confuso e que não consigo por enquanto descortinar uma solução clara, pelo que ficam apenas estes pequenos reparos, esperando que alguém consiga dar a resposta.
6. Evidências:
Qualquer afirmação incrível para ser tida como verdadeira, tem de ter provas incríveis. E é claramente compreensível, que a maioria das pessoas, medianamente informadas, não dê muita credibilidade a este fenómeno. Perguntam-se, como será possível que se seres extraterrestres, que raptam pessoas com tanta frequência, não se consiga provar definitivamente? Porque é que não há provas?! Não cabe todavia nesta exposição discorrer sobre a ausência de provas ou não na ovnilogia, cabe contudo salientar nesta vertente em concreto, as evidências que parecem indicar uma natureza real e física ao fenómeno. Não serão prova stricto sensu, mas servirão como indício de prova. Dividirei em três categorias: erros, corroboração independente e implantes.
6.1. Erros
Admitindo que seres extraterrestres percorreram vastas distâncias pelo espaço sideral e que actualmente abduzem seres humanos para realizarem um qualquer propósito, temos obviamente de admitir que estão tremendamente avançados em termos tecnológicos, não só porque dispõem da capacidade de viajarem pelas estrelas, voarem impunemente nos nossos céus, como também, de abduzirem pessoas num ambiente totalmente controlado. Todavia, baseado nas informações recolhidas pelos investigadores, não são seres infalíveis, cometem (tal como os humanos), erros. E são graças a esses erros, que podemos liminarmente afastar uma origem meramente psicológica ou alucinatória do fenómeno.
Estes erros incluem frequentemente, erros de pormenor; nomeadamente, colocarem o sujeito virado para o lado contrário da cama, vestirem-lhe o pijama do avesso ou com falta de alguma peça de vestuário ou joalharia. Mas são igualmente cometidos, embora com menos frequência, erros clamorosos, Budd Hopkins avança com casos onde os abduzidos são deixados a quilómetros das suas casas, ou então, duas pessoas são abduzidas, sendo devolvidas aos carros errados. Ainda que neste caso em concreto, nova abdução tenha ocorrido, tendo a situação sido devidamente corrigida.
6.2. Corroboração Independente
Questão igualmente interessante e importante são as chamadas corroborações independentes, concretamente, testemunhos de pessoas exteriores à experiência, ou seja, que não são agentes passivos, que contudo parecem indiciar que a experiência realmente ocorreu. Estas ocorrências são no entanto raras, principalmente porque como já observámos, as pessoas em redor encontram-se “desligadas”. Mas quando ocorrem são significativas, o mais usual são amigos da pessoa abduzida não a encontrarem enquanto decorre a abdução. Muitas vezes são realizados telefonemas para a polícia, organizadas buscas, sem sucesso, até que o abduzido aparece em casa, ou no local onde foi abduzido, sem saber o que lhe aconteceu, surpreso por ter provocado tanta agitação. Noutras ocasiões são relatados aos grupos dedicados à investigação OVNI, por altura das abduções, observações de estranhas luzes no céu nas redondezas.
Podendo-se alegar serem talvez menos imparciais, mas dignos de relato todavia, são por vezes os próprios investigadores que corroboram as experiências. David Jacobs relata que certa vez uma abdução iniciou-se enquanto falava ao telefone com uma abduzida, tendo ouvido pelo auscultador um pouco do processo. O investigador espanhol Josep Guijarro relata uma história muito mais interessante. Enquanto investigava um caso na ilha Gran Canária e se encontrava hospedado na casa da abduzida, Judith, relata como certa noite enquanto com ela conversava, o som da televisão começou a aumentar e diminuir sozinho, começou-se a ouvir estranhos cânticos e decidiram então irem dormir. Conta o investigador que por volta das três e meia da noite o cão começou a ladrar e começou a ouvir passos na escada. Conta como tranquilamente viu a silhueta dum ser baixo, de cabeça grande, a passar pela porta do seu quarto tendo para seu espanto, adormecido de imediato[31].
Mas talvez o caso mais interessante e importante até à data é o descrito exaustivamente no livro “Witnessed[32]” de Budd Hopkins. Este livro conta o caso de Linda Napolitano, uma mulher de ascendência italiana, moradora em Nova Iorque que foi abduzida na noite de 30 de Novembro de 1989 de sua casa. Este caso nada teria de particular se não fosse o facto de, como afirma Budd Hopkins, o caso ter sido testemunhado por inúmeras pessoas independentes, que viram uma senhora ser levitada da janela de sua casa, para bordo um OVNI, acompanhada de 3 pequenos seres, tendo sido o OVNI depois visto a mergulhar nas águas do rio Hudson. Entre as testemunhas encontram-se alegadamente o antigo Secretário-Geral das Nações Unidas, Javier Pérez de Cuellar e dois dos seus guarda-costas.
A considerar como fidedignos os casos de abduções de pessoas em grandes cidades, é realmente impressionante o grau de controlo sobre a situação. Controlo que contudo pode ser difícil de obter, o que explicaria as abduções na estrada, ou as “sugestões” feitas aos abduzidos para se isolarem, como discutiremos mais a diante[33].
6.3.Implantes
Um dos aspectos mais controversos no fenómeno das abduções são os chamados implantes, pequenos objectos que por vezes são expelidos naturalmente, pela narina dos abduzidos, acompanhado de sangue. Mas mais frequentemente o abduzido apercebe-se deles quando por questões de saúde, radiografias lhe são tiradas. É ao analisá-las que os médicos frequentemente se deparam com a presença de pequenos objectos situados em diversos locais do corpo humano; mais frequentemente no interior da caixa craniana, em locais que os médicos não sabem explicar como lá foram parar, pois não sendo de origem natural e sendo despistados como não sendo tumores ou anomalias do mesmo género, são, de acordo com a nossa presente tecnologia médica, impossíveis de lá serem colocados. Ou quando o são, confirma-se através dos registos médicos que a pessoa em questão nunca foi a esse local operada.
Se é certo que os locais mais comuns para se encontrarem os chamados implantes, são dentro da caixa craniana e nas cavidades nasais, que interessantemente são a maneira mais fácil de se chegar ao lóbulo temporal, que alberga a consciência humana, implantes são descobertos em todo o corpo humano, por exemplo, nas mãos, nas pernas, até nos dedos dos pés.
De acordo com alguns documentos de origem duvidosa, estes afirmam que na década de setenta do século passado, as autoridades norte-americanas tentaram retirar alguns destes implantes a sujeitos que mais tarde morreriam durante as operações de remoção. Whitley Strieber relata ainda o caso de Betty Dagenais a quem em 1986 os abdutores lhe disseram que morreria se tentasse retirar o objecto no lóbulo na orelha; contudo, graças ao trabalho e esforço do investigador Derrel Sims e do seu colega, o Dr. Roger Leir, a partir de 1995 que sistemáticamente realizam operações cirúrgicas com a intenção de retirar os objectos dos abduzidos.
Estas intervenções cirúrgicas são efectuadas em condições controladas. Em primeiro lugar novos raios-x são tirados ao objecto, para que se confirme que o objecto se encontra no mesmo local, é também através das novas radiografias que se determina a sua triangulação e também o método de extracção. Em segundo lugar, o procedimento é acompanhado por testemunhas, principalmente de diversas organizações de investigação, mas também por pessoas independentes. Toda a operação é filmada e os implantes são fotografados no momento da sua extracção, tudo para que não hajam duvidas que os objectos retirados dos corpos dos sujeitos sejam os mesmos que vão ser analisados nos laboratórios.
Fruto de quase uma década de investigação sobre os implantes, vamos de seguida discutir as descobertas sobre os mesmos. No entanto uma distinção importa realizar, a distinção entre implantes não-humanos e implantes humanos.
6.3.1. Implantes Não-Humanos:
6.3.1.1. Descrição:
Certo se tornou claro que não existe um padrão quanto à forma dos objectos. Os implantes retirados ao longo dos anos, de centenas de pessoas, são na sua grande maioria diferentes entre si, não obstante serem semelhantes em algumas ocasiões (implantes em forma de T). Têm geralmente uma morfologia disforme, irregular. Se a aparência não é semelhante, são semelhantes sim, as características físicas e as condições fisiológicas como são encontrados.
Quanto à sua composição, os investigadores descobriram que os implantes são compostos por duas camadas. Uma primeira, o revestimento exterior e uma segunda, o núcleo. O revestimento exterior é composto por ferro, fósforo, cálcio e com pequenas quantidades de cloro, e o aspecto mais curioso é que este revestimento revela também a presença de material orgânico do corpo da pessoa, característica esta que lhe permite não ser expelido pelo corpo nem causar irritações nem inflamações. O investigador Derrel Sims descobriu através de análises que o revestimento exterior tem características fluorescentes, que quando analisado através de luz negra manifesta uma brilhante cor verde[34]. Chegou também à conclusão de que é possível identificar a localização de possíveis implantes, mesmo sem recorrer a raios-x, passando uma luz negra sob a pele do abduzido. Esses locais irão manifestar propriedades fluorescentes. Descobriu-se que esta propriedade podia ser temporariamente eliminada através fricção na pele de uma solução de álcool isopropílico. Porém a luminescência ressurge poucos minutos depois com a mesma intensidade. Ambos os cientistas chegaram à conclusão que a luminescência desaparecia por si só num período de tempo compreendido entre 1 e 14 dias tendo sido estabelecida uma média de 1 a 4 dias.
Quanto ao núcleo, estes são compostos por ferro-carbono, provavelmente ferrite e têm características ferromagnéticas. Mas o aspecto mais curioso; os objectos parecem ser de natureza meteorítica.[35],[36]
Finalmente, quando não localizados no cérebro humano, os implantes encontram-se directamente agregados ao sistema nervoso, envoltos em fibra nervosa, o que torna a operação de remoção uma experiência extremamente dolorosa, mesmo recorrendo a anestesia local.
- Função:
Analisadas as características físicas dos implantes, importa tentar perceber qual o seu intuito. Partindo do pressuposto que estes objectos são introduzidos no corpo das pessoas, pelos abdutores, lógico é que têm de ter alguma função, é esta função que iremos debater em seguida.
Whitley Strieber resume numa frase as opiniões maioritárias dos investigadores: “É fácil concluir que os implantes devem ser aparelhos de detecção ou máquinas de controlo da mente de alguma espécie, colocados dentro de nós por alienígenas”[37].
6.3.1.2. Mecanismo de detecção
Esta foi a primeira explicação avançada pela comunidade ovnilógica, baseada principalmente em dados empíricos. Desde cedo se percebeu que o fenómeno da abdução estava completamente fora do controlo da pessoa abduzida, esta era abduzida sempre e quando que os abdutores o desejavam independentemente da sua localização. Comuns são os casos de pessoas que assustados com o que lhes acontecia, e mais frequentemente, com o não saberem o que lhes acontecia, simplesmente se mudavam de casa, tentando deste modo acabar com as experiências, para logo perceberem que independentemente para onde fossem, mesmo mudando de continente, as experiências sempre se realizavam. Era lhes impossível fugir.
Com a descoberta dos implantes avançou-se então com a explicação de que estes serviriam como mecanismos de detecção, à semelhança com o que os zoólogos fazem actualmente nos animais, instalando emissores rádio para saber onde estão a qualquer hora. Mais recentemente existem já no mercado implantes de identificação dos animais, que são normalmente utilizados em gado (em substituição do malho quente) e em animais domésticos.
Enquadra-se ainda nesta teoria, uma função acessória à de monitorização espacial da pessoa, a monitorização fisiológica da pessoa, ou seja, uma análise constante do estado de saúde do sujeito.
6.3.1.3. Mecanismo de controlo de mente
Esta segunda explicação teve e tem alguma resistência por parte de alguns investigadores, principalmente os que se enquadram na “tese positiva”, de que falaremos mais adiante. Avançam estes investigadores com a noção de que, sendo os abdutores essencialmente benignos em relação aos humanos, tentando ajudar-nos na nossa evolução e acompanhando-nos em direcção a um novo estado de consciência, então ilógico será estas mesmas entidades utilizarem implantes para controlar a mente. Qualquer outra sugestão deve-se ao pessimismo e ao medo, que alguns investigadores têm ao lidar com este fenómeno. Eles servem sim, afirmam, apenas para a localização espacial da pessoa, facilitando as abduções.
Contudo, esta explicação demonstra ser demasiado simplista, negando a existência de certos factores que parecem dotar os implantes com uma outra função.
Este controlo da mente dá-se, em meu entender, em duas vertentes:
6.3.1.3.1. Mera monitorização; neste caso o controlo da mente não se dá na sua acepção mais comum, ou seja, no controlo efectivo das acções e dos comportamentos, mas antes num controlo efectivo na recepção de toda informação que o abduzido recebe, assim como na recepção de pensamentos próprios em relação ao fenómeno. O Prof. David Jacobs, sustenta esta opinião referindo que baseado nas suas pesquisas, eles conseguem prever quando uma abduzida pensa fazer algo em relação ao feto e de consequentemente o retirarem antes que tal seja possível. Jacobs relembra o caso da radiografia possível porque foi feita inesperadamente, no espaço de uma hora[38].
6.3.1.3.2. Controlo efectivo; alguns investigadores crêem que os implantes servem para compensar a distância do processo da “varredura mental”, que num processo de abdução, consiste em o abdutor, em regra o “doutor”, olhar fixamente nos olhos do abduzido e incutir todo o tipo de sentimentos: raiva, medo, mas mais frequentemente, amor, calma, para tornar o “sujeito” mais cooperante. Budd Hopkins aponta para a capacidade que têm de desligar e ligar o processo de recordações, afirma que há casos de diversas regressões exaustivas em que determinado processo não é revelado, apenas para o ser, quando os extraterrestres deixam lembrar conscientemente. Esta afirmação vai de encontra a algumas opiniões que afirmam que tudo o que é possível recolher da memória dos abduzidos, é informação por eles controlada e que simplesmente não é possível obter informação pura. Concluem; não descobrimos nada que eles não queiram.
Comum é também os abduzidos ouvirem vozes que lhes dão ordens ou impressões, no sentido de se deslocarem a um qualquer lugar isolado (que facilita a abdução) ou para realizarem uma actividade qualquer. É comum ocorrer o fenómeno de “modulação”, na terminologia de Whitley Strieber, que consiste numa série de sons “que vão desde coisas como o áspero som da transmissão digital até séries de bips ouvidos no interior da cabeça ou perto do ouvido”[39]. Este tipo de ocorrências encontra-se plasmado nas mais diversas obras, alguns exemplos, o caso de Katie[40], ou o caso de Carla, investigado pelo ovnilogista português Luís Aparício.[41]
Cabe tomar posição neste debate. É meu entender e após analisar dezenas de casos sobre abduções, que chego à conclusão de que existem diversos tipos de implantes, talvez tantos quanto a sua localização no corpo humano. Tendo a considerar que os implantes encontrados nas pernas, mãos, dedos dos abduzidos tendem a ser os mecanismos de detecção, encarregues por identificar a localização da pessoa 24 horas por dia, assim como a sua condição física. Por outro lado, tendo a considerar que os implantes que se encontram inseridos no cérebro, ou nas cavidades nasais, têm por finalidade o controlo efectivo da vontade humana, em especial nas duas vertentes acima analisadas. Esta distinção entre implantes foi também feita em 1978, no famoso caso Júlio F. ocorrido na província de Soria, em Espanha. Sob hipnose Júlio F. afirmou terem-lhe colocado um implante na narina e outro nos órgãos genitais; “creio que um de eles (os implantes) serve para ver exactamente como estás e onde estás. O outro é de alguma maneira, para emitir ordens, para te manejar, para te manipular”.[42]
Bom Medo ExtremoFonte: portugalparanormal.com
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