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Mensagem por † Lobo † Sáb 4 Fev 2012 - 17:39

O que eu vou contar aconteceu quando eu tinha 14 anos. Hoje eu tenho 20. Não foi alguma coisa muito assustadora, mas foi tão estranho que eu jamais vou esquecer.

Era verão e uma prima que mora no Rio de Janeiro tinha me chamado para ir passar as férias com ela em um acampamento no interior do Rio (eu não lembro o nome da cidade). Como fazia tempo que eu não via ela, eu topei.

O acampamento ficava em um lugar maravilhoso perto de um lago e cheio de árvores, por todos os lados. Era tudo muito lindo, o único problema eram os insetos, principalmente pernilongos e borrachudos.

Numa noite teve uma festa ao ar livre e eu acabei levando MUITA mordida de mosquito nas minhas pernas e nos meus braços. Estava coçando MUITO!!! Antes de ir dormir eu tentei amenizar um pouco o meu sofrimento passando alguma loção, mas ainda estava difícil para dormir. Eu acabei conseguindo dormir, mas acordei lá pela uma da manhã de novo, com os braços e as pernas coçando pra valer. Só que eu tinha esquecido a loção no banheiro, que era no andar de baixo do chalé.

Meio sonolenta ainda, eu levantei da cama. Estava garoando já fazia algum tempo, e estava bem frio para uma noite de verão. Quando eu desci para o primeiro andar a porta estava aberta e quando eu olhei lá fora eu fiquei chocada.

Tinha um homem, encostado na grade da varanda que tinha do lado de fora, e estava olhando a chuva. Ele estava de costas para mim, então não dava para eu ver o rosto dele. Mesmo estando um pouco abaixado por estar encostado na grade da varanda, ele era muito alto, e a cabeça ele encostava em um pequeno varal que algumas garotas tinham improvisado lá fora. A parte estranha disso tudo é que mesmo parado bem na minha frente... era muito difícil de enxergar ele. Eu tentava ver os detalhes dele, ombro, braços, mas os meus olhos quase que deslizavam para o lado. Era quase como se ele não quisesse ser visto.

Mas o que me chocou no começo, era que ele era um homem, e esse acampamento proibia expressamente a presença de homens ou garotos nos chalés das meninas e vice-versa. Eu estava um pouco assustada com o que ele podia querer ali. Mas apesar de tudo eu consegui juntar coragem para perguntar o que ele estava fazendo ali. "Pensando" ele falou. A voz dele era bem baixa, e soava um pouco ecoada e distante, mesmo ele estando quase do meu lado. Eu nunca tinha ouvido uma voz como aquela e nunca ouvi de novo.

Eu abri a minha boca de novo para pedir para ele ir embora, mas ao invés disso outra coisa saiu. "Qual é o seu nome?" Ele então se virou. A noite estava muito escura, mas a parte da frente dele estava mais escura ainda, e o rosto dele era só uma mancha negra. Eu não consegui ver nada.

"Mauro" ele falou. Quando ele falou isso, parecia estar se inclinando na minha direção. Então de repente uma onda de medo tomou conta de mim e eu rapidamente falei "boa noite". Com o coração batendo a mil eu corri para o banheiro para pegar a loção. Eu não sei por que, mas eu estava com muito medo dele. Mais do que o normal. Quando eu voltei a porta ainda estava aberta, mas ele já não estava mais lá. Mas quando eu passei em frente à porta, o meu coração gelou.

O varal estava um pouco desarrumado. Fora isso não parecia que tinha havido ninguém lá. Só que tinha. Em baixo de onde o varal estava um pouco desarrumado, tinha duas pegadas. A madeira do chão estava toda molhada da garoa, menos aquele lugar, que estava seco, na forma de dois pés, como se a pessoa que estava lá estivesse lá desde antes da chuva começar, apenas olhando lá fora e pensando.

Antes de subir eu olhei para o chão da varanda e vi que eu tinha feito algumas pegadas, com a água da chuva, de quando eu tinha saído antes e depois quando eu sai de novo, mas não tinha nenhuma pegada perto de onde estava aquelas duas marcas secas no chão. Eu não quis ficar lá nem mais um pouco, só entrei, fechei a porta e subi correndo para a minha cama.

Até hoje eu ainda não entendi direito o que aconteceu naquela noite. Já era tarde, estava escuro e chovendo, e talvez eu tenha imaginado tudo aquilo. Mas eu não conheço ninguém chamado Mauro, e eu nunca vou esquecer aquela sensação de que alguma coisa não estava certa e do som daquela voz, ou da impressão de estar olhando para algo que simplesmente não queria ser visto.

Gabi - São Paulo - S.P.
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Fonte: alemdaimaginacao.com
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